Folha de S.Paulo
04/03/20 - A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou nesta terça-feira (3) para o rápido esgotamento dos estoques de equipamentos de proteção, como máscaras, para combater o novo coronavírus. A escassez provavelmente comprometerá a resposta à epidemia no mundo.
"Estamos preocupados com o fato de que a habilidade dos países de responderem [à epidemia] está sendo comprometida com a escassez severa e crescente de equipamentos de proteção individual, causada pela demanda em alta, pela acumulação e pelo mau uso", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva.
Michael J. Ryan, diretor executivo do programa de saúde emergencial da OMS, lembrou que as máscaras servem principalmente para prevenir que alguém com a doença passe a outras e não deveriam ser usadas por pessoas sem covid-19. ?
"As coisas mais importantes que todo mundo pode fazer são lavar as mãos, manter as mãos longe do rosto e observar outras práticas de higiene."
Uma pessoa tem mais chances de se infectar ao tocar superfícies contaminadas do que por meio de gotículas no ar. Além disso, o ar também pode passar pelas bordas das máscaras, especialmente as cirúrgicas.
"Não usar uma máscara não necessariamente coloca você em risco de pegar essa doença", disse Ryan.
A falta de luvas, máscaras respiratórias, respiradores, óculos de proteção, jalecos e aventais está deixando médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde na linha de frente que cuidam de pacientes com covid-19 em risco.
O preço das máscaras cirúrgicas aumentou seis vezes, o de respiradores do tipo N95 (máscaras mais reforçadas indicadas aos profissionais da saúde) mais do que triplicou e o de jalecos dobrou, segundo Ghebreyesu. Os suprimentos podem levar meses para ser entregues.
"A OMS enviou quase meio milhão de equipamentos de proteção individual para 27 países, mas os estoques estão acabando", disse ele.
A entidade estima que mensalmente 89 milhões de máscaras cirúrgicas, 76 milhões de luvas cirúrgicas e 1,6 milhão de óculos de proteção serão necessários para a epidemia de covid-19.
A OMS pediu aos fabricantes que aumentem a produção com urgência para garantir a demanda.
Nos EUA, o surgeon general (equivalente ao ministro da Saúde nos EUA) Jerome M. Adams pediu ao público que pare de comprar máscaras, alertando que isso não ajudará a impedir a disseminação do coronavírus, mas retirará importantes recursos dos profissionais de saúde.
“Sério gente — PARE DE COMPRAR MÁSCARAS!” disse Adams em um tuíte na manhã de sábado (29). "Elas NÃO são eficazes para impedir que o público em geral pegue o #Coronavirus, mas se os prestadores de serviços de saúde não tiverem o item para cuidarem de pacientes doentes, isso os coloca em risco e nossas comunidades também!"
Em outro tuíte, Adams disse que a melhor maneira de se proteger contra o vírus é lavar as mãos regularmente e para aqueles que estão doentes o ideal é ficar em casa.
ROUBO NA FRANÇA
Cerca de 2.000 máscaras cirúrgicas foram roubadas de um hospital de Marselha (sudeste da França) em meio à crise sanitária ligada ao novo coronavírus, segundo o serviço de saúde pública da cidade.
As caixas de máscaras roubadas estavam armazenadas no bloco central do hospital público da Conception, cujo acesso é reservado para pessoal da saúde autorizado e pacientes operados, informou o serviço sanitário, confirmando informações do jornal La Provence.
"Lançamos uma investigação interna para encontrar o ou os autores", acrescentou a direção, que distribuiu um comunicado interno a todo o pessoal do bloco "para lembrar que o uso dessas máscaras é estritamente reservado ao exercício profissional".
Após o roubo, instruções foram distribuídas a todos os hospitais "para garantir a segurança dos estoques (máscaras, álcool em gel) e impedir a repetição desse tipo de incidente".
"O estoque restante é suficiente para garantir a atividade do bloco e novos pedidos foram feitos para um reabastecimento rápido", tranquilizou.
Uma quarta morte na França de uma pessoa infectada com o novo coronavírus foi anunciada nesta terça-feira (3) pelo ministério da Saúde. No país foram confirmados 200 casos.
Comentários