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Medicamento deve ser retirado de maneira lenta para dar ao cérebro a possibilidade de se ajustar gradualmente à falta dele
by Arthur Guerra | Forbes
A grande maioria das pessoas que faz uso de antidepressivos, quando apresenta uma melhora, tem vontade de reduzir a dosagem ou até de parar de tomar o remédio. É natural. Como e de que maneira fazer isso com segurança?
A recomendação é sempre que se possa usá-los por pelo menos 6 a 12 meses. É um tempo estimado para que o remédio gere adaptações neurofisiológicas que vão se traduzir na diminuição daquele mal-estar, daquele desânimo e falta de energia típicos da depressão.
Com efeitos colaterais ou sem eles, muitas pessoas querem retirar o remédio quando se sentem melhores. É fundamental buscar o médico e discutir com ele se já é o momento de parar com a medicação e de que maneira fazer isso, porque o profissional é a pessoa que conseguirá monitorar se algum dos sintomas característicos da depressão está ou não retornando – e em que intensidade. Cito alguns exemplos: dificuldade para dormir e problemas de concentração ou de memória.
Os antidepressivos devem ser retirados de maneira lentíssima. Não se trata, nesse caso, de risco de síndrome de abstinência, porque ela é incomum nessa classe de remédios.
A retirada tem de ser lenta para dar ao cérebro a possibilidade de se ajustar gradualmente à falta daquele medicamento. Quanto mais tempo uma pessoa fez uso de antidepressivo, mais tempo ela levará para se acostumar à falta dele.
Se você puder combinar o “desmame” do remédio com atividade física, melhor. Exercícios lhe trarão benefícios parecidos com o do antidepressivo. Com a vantagem de que você estará também cuidando do seu corpo.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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