Pesquisa revela erosão dentária em 50% das crianças

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crédito: Atelie Oral Kids

Pouca gente sabe, mas erosão dentária não é exclusividade de adulto. Pesquisas revelam que crianças e adolescentes também apresentam o problema. E, como os sintomas são indolores, geralmente os pais só conseguem perceber em estágios avançados, quando a dentina já está exposta e aparece um ponto mais amarelado. A erosão é causada pelo mesmo fator independentemente das diferentes faixas…

Pouca gente sabe, mas erosão dentária não é exclusividade de adulto. Pesquisas revelam que crianças e adolescentes também apresentam o problema. E, como os sintomas são indolores, geralmente os pais só conseguem perceber em estágios avançados, quando a dentina já está exposta e aparece um ponto mais amarelado.

A erosão é causada pelo mesmo fator independentemente das diferentes faixas etárias: geralmente um problema alimentar relacionado ao frequente consumo de substancias ácidas, segundo especialistas. O que varia é o fator em si: crianças vão consumir produtos ácidos na forma de sucos de caixinha, sucos em pó, gomas de mascar. Já os adolescentes consomem mais refrigerantes, bebidas energéticas e bebidas alcoólicas e os adultos mais efetivamente as bebidas alcoólicas, sucos cítricos, e outros tipos de bebidas.

O ataque ácido que a boca sofre derruba o PH salivar neutro (em torno de 7,0) para patamares abaixo de 5,5. Para reverter esse quadro e neutralizar a presença do ácido, a reação da saliva é remover o cálcio na estrutura dentária que, já mais fragilizada, e ainda sofrendo outros desgastes com o uso da escova e o ranger dos dentes, vai perdendo estrutura de esmalte progressivamente.

“Em crianças ainda existe o agravante de os dentes de leite possuírem uma camada de esmalte mais fina e solúvel, mais carbonatada, que acaba sendo menos mineralizada, e respondendo ao ataque ácido na boca de uma forma mais rápida do que os dentes permanentes”, explica Gabriel Politano, odontopediatra do Ateliê Oral Kids.

A velocidade da progressão do desgaste erosivo vai depender da frequência de consumo de produtos ácidos. “Temos um trabalho de conscientização longo pela frente, pois o produto ácido é altamente consumido e há dificuldade em encontrar um substituto que seja tão prazeroso. Hábitos como beber mais água e inventar vitaminas mais saudáveis batidas com leite precisam ser adotados pelos pais o quanto antes. E, ainda, diminuir o hábito de ter na lancheira escolar os sucos industrializados diariamente”, alerta Marcelo Bönecker, professor da USP e um dos principais pesquisadores sobre o assunto no Brasil, que levou o tema para cerca de mil profissionais durante o Ateliê Oral International Meeting, em São Paulo.

O pesquisador realizou três estudos populacionais transversais em meninos e meninas de 3 a 4 anos residentes em Diadema, nos anos de 2008, 2010 e 2012, seguindo os mesmos critérios e metodologia. Um total de 2801 crianças foram sistematicamente examinadas durante o dia Nacional de  Vacinação Infantil. Os examinadores foram treinados para diagnosticar o desgaste dentário erosivo usando uma versão modificada do índice O’Brien. (índice utilizado para avaliar lesões erosivas dentais).

A prevalência de desgaste dentário erosivo foi de 51,6% em 2008, 53,9% em 2010 e, 51,3% em 2012. A maioria das lesões foi restrita ao esmalte do dente nos três estudos.

A taxa é considerada alta. “Apesar de existir poucos estudos no mundo com amostra populacional representativa, a nossa pesquisa é uma delas e apresenta média de 50% de erosão dentária. Significa que uma em cada duas crianças tem desgaste erosivo. Durante o período da pesquisa, nenhuma tendência de aumento ou diminuição na prevalência e gravidade da erosão foi encontrada. O que significa que a prevalência é alta e a tendência é estável”.

Recomendações para os pais:

  • Para tratar o problema, especialistas recomendam evitar que produtos ácidos entrem em contato com a superfície dentária ou pelo menos diminuir essa frequência.
  • Os pais devem substituir refrigerantes e sucos ácidos especialmente os de limão e laranja por produtos não ácidos como beber mais água, ou leite batido com fruta, por exemplo.
  • Sucos em pó dão uma falsa impressão de que os pais estão comprando algo com minerais saudáveis, ferro, cálcio, fosfato.
  • O ácido cítrico natural da fruta causa mais erosão do que as frutas que não são cítricas – ele provoca uma ação “quelante”, que não deixa o cálcio ficar livre na saliva e não permite que o PH da boca suba rapidamente ao PH neutro.
  • Tomar suco com canudo ajuda a amenizar o quadro, já que ele leva o produto direto para a parte posterior da boca.
  • Usar gelo na bebidas ácidas vai causar uma diminuição da acidez à medida que as bebidas vão sendo diluídas.
  • Evitar cremes dentais abrasivos em crianças – que removem mais cálcio da estrutura dental – e usar pastas dentais que sejam adequadas para o público infantil.
  • No caso de adolescentes, a causa também pode ser anorexia e bulimia. Refluxo gastroesofágico é um fator fortemente relacionado à erosão. Tem que buscar tratamento.

Fonte: Atelie Oral Kids

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