Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier, vencedoras do Prêmio Nobel de Química 2020 (Foto: Alexander Heinl/picture alliance via Getty Images)

Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier, vencedoras do Prêmio Nobel de Química 2020 (Foto: Alexander Heinl/picture alliance via Getty Images)

Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier foram laureadas pelo desenvolvimento de um método de edição genética, mas ainda há uma batalha legal sobre a patente da técnica

ÉPOCA NEGÓCIOS

Nesta semana, Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier receberam o Prêmio Nobel de Química pelo desenvolvimento de um processo para edição do DNA conhecido como CRISPR. O anúncio, entretanto, surge em meio a uma batalha de anos sobre quem tem a patente dessa tecnologia.

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O CRISPR é baseado em resposta imune de bactérias, que corta o genoma do organismo invasor. Na última década, cientistas como Doudna e Charpentier descobriram uma forma de usar a mesma função para editar mutações genéticas indesejáveis em outros seres vivos. A descoberta suscitou um grande número de papers sobre a tecnologia e a ética de usar uma ferramenta como essa para criar humanos perfeitos.

Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier se conheceram em uma conferência em 2011. Na época, Charpentier, especialista em bactérias, publicou um estudo sobre CRISPR e estava trabalhando na Universidade Umea, na Suécia. Doudna era bióloga na Universidade Berkeley e começava a se interessar pelo tema. Em seu primeiro ano trabalhando juntas, elas publicaram um paper sobre como usar o CRISPR para fazer mudanças no DNA. Doudna publicou outro estudo em 2013 usando a mesma técnica para editar o código genético de células animais. Mas Feng Zhang, um cientista do Broad Institute, o centro de pesquisa em genoma do MIT, havia publicado uma pesquisa similar quatro semanas antes, o que faz dele o primeiro a provar que a ferramenta poderia ser usada em células humanas. Foi o começo de uma longa batalha sobre a propriedade do sistema de edição genética CRISPR.

A briga hoje é sobre patentes conflitantes que dizem respeito ao uso do CRISPR para a edição de células humanas. As Universidades de Viena e Berkeley foram as primeiras a dar entrada nos pedidos de patentes do processo de edição, mas o Broad Institute pagou para conseguir uma revisão mais rápida. Em 2014, o registro de propriedade intelectual dos EUA concedeu a patente ao Broad.

Depois disso, um time liderado por Berkley pediu a revisão da patente. O processo ainda está em curso para determinar quem foi o primeiro a inventar a ferramenta de edição genética.

O prêmio Nobel coloca Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier na história, mas a discussão ainda não acabou. O debate hoje se concentra em entender se o método descrito por elas poderia funcionar em células humanas. E mesmo se for comprovado que sim, não há certeza de que elas conseguirão o direito de registrar uma patente. Alguns cientistas defendem que tanto dinheiro público foi usado nas descobertas que ninguém deveria ter o direito à propriedade intelectual do CRISPR. Isso deixaria o caminho aberto para que outros cientistas inovem na técnica.

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