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Adesivo com os sensores criado por pesquisadores da Coreia do Sul - Divulgação/HYUNJAE LEE e CHANGYEONG SONG


Placa com sensores colada à pele poderia substituir a coleta de gotas de sangue no dedo


POR SÉRGIO MATSUURA

publicado em 13/03/2017 - 15:00 / Atualizado em 13/03/2017

O Globo

RIO — Uma nova tecnologia desenvolvida na Coreia do Sul promete um pouco de alívio para os pacientes com diabetes. Em vez das picadas diárias para o monitoramento dos níveis de glicose, o sensor funciona como um adesivo terapêutico colado na pele, medindo o açúcar pelo suor. Nos testes em laboratório, a solução ofereceu resultados com precisão semelhante a dos produtos no mercado, mas ainda são necessários estudos para que a aplicação do dispositivo se torne comercial.

Embora exista espaço para melhorias antes que o nosso sistema tenha aplicação clínica, essa abordagem certamente pode contribuir para melhorar a qualidade de vida de pacientes com diabetes, gerenciando a glicose no sangue mais facilmente — diz Hyunjae Lee, do Centro de Pesquisas em Nanotecnologia do Instituto para Ciência Básica, na Coreia do Sul, e líder do estudo publicado na revista “Science Advances”.

INJEÇÕES DE INSULINA

Tanto para quem tem diabetes tipo 1 (causado pelo próprio sistema imunológico) ou tipo 2 (em geral provocado por estilo de vida sem exercícios e com alimentação pouco equilibrada), o tratamento padrão requer uma rotina cansativa e dolorosa de medição dos níveis de glicose no sangue e, às vezes, injeções de insulina. Por esse motivo, alguns pacientes relutam em adotar esses procedimentos, o que pode agravar a doença. Pensando nisso, novas técnicas estão sendo desenvolvidas, como a solução sul-coreana. Mas medir a glicemia pelo suor não é tarefa fácil.

— O diabetes tipo 1, dependendo do caso, pode exigir o monitoramento da glicose até dez vezes por dia. Hoje, já existem medidores indolores, mas esses produtos são caros. A maioria dos pacientes ainda depende das fitinhas e da punção no dedo — explica a médica Rosane Kupfer, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. — Às vezes, os pacientes não aceitam o tratamento, que requer uma mudança de estilo de vida muito grande, mas o descontrole pode gerar complicações graves.

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O primeiro desafio dos cientistas foi criar sensores capazes de fazer a medição com quantidades ínfimas de suor. O dispositivo sul-coreano possui eletrodos de metal poroso, capazes de medir o açúcar em apenas 1 microlitro (a milionésima parte de um litro) da secreção. Há ainda mecanismos para otimizar a absorção, numa rede porosa de carboidratos, selada por uma camada de silicone que mantém os sensores intactos mesmo com a deformação da pele.

A medição da glicose no suor também varia por causa da presença do ácido lático e das condições ambientais. Para contornar essas barreiras, o dispositivo tem sensor de pH, temperatura e umidade para correção dos resultados.

— O sangue é muito mais estável que o suor por estar protegido das variações do ambiente — diz Rosane.

APLICAÇÃO AUTOMÁTICA DE REMÉDIOS

Além da medição constante dos níveis de glicose, os pesquisadores propõem que o sensor seja conectado a um dispositivo para aplicação de medicamentos. Dessa forma, sempre que os níveis de glicose atingirem um determinado patamar, uma dosagem de insulina será injetada por meio de microagulhas. O mecanismo funciona por um sistema sensível a variações de temperatura, sendo possível programar até seis dosagens diferentes.

— O controle da glicemia é vital para o diabético — diz Márcio Krakauer, do núcleo de novas terapias da Sociedade Brasileira de Diabetes. — No paciente, os níveis de glicose variam ao longo do dia. Com um mecanismo de mediação contínua, é possível reagir melhor a essas flutuações.

Os pesquisadores também apresentam um sensor portátil, parecido com um pen drive, mas capaz de fazer leituras dos níveis de glicose ao entrar em contato com uma gota de suor. Todos os sistemas ainda estão em fase de estudos, mas Lee ressaltou que o desenvolvimento foi feito pensando na possibilidade de produção comercial.

— Foi um desafio encontrar um tamanho ótimo para os sensores. Se forem muito pequenos, o sinal se torna muito fraco — explica o pesquisador. — Esse sistema conveniente e preciso é compatível com a produção em massa, pois usa eletrodos de metal que podem ser facilmente fabricados como semicondutores.

Para Dae-Hyeong Kim, da Universidade Nacional de Seul e coautor das pesquisas, os dispositivos podem ter várias aplicações:

— Os mecanismos fundamentais desse sistema podem ser aplicados no diagnóstico e no tratamento clínico de várias doenças, além do diabetes — analisa Kim.

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