Pfizer planeja retomar ritmo de crescimento no Brasil em 2019

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Uma das maiores farmacêuticas do mundo, a americana Pfizer está deixando para trás um período de desempenho aquém do que estava acostumada a registrar no Brasil. Depois de fechar 2016 com vendas em queda, a farmacêutica atravessou 2017 com alguma estabilidade e, no ano passado, voltou à curva ascendente, com alta de 6% e receitas de cerca de R$ 6 bilhões. Em 2019, alavancada pelos lançamentos mais recentes, a farmacêutica projeta voltar aos dois dígitos de expansão, com manutenção desse ritmo em 2020. “É um novo momento para a companhia”, diz o presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, referindo-se tanto à recuperação das vendas no país quanto à reorganização dos negócios que está em curso globalmente. 

De certa maneira, conta o executivo, a performance no país reflete o caminho percorrido globalmente pela farmacêutica nos últimos anos, marcados primeiro pelo elevado número de patentes perdidas, por uma série de reestruturações e, mais recentemente, pela reorganização dos negócios em três unidades, já implementada no Brasil. Em julho, a Pfizer anunciou que seus medicamentos inovadores foram reunidos em uma divisão específica, que leva esse mesmo nome (Innovative Medicines). 

Outra área reúne as marcas já consolidadas, entre as quais Liptor e Viagra, com sede na China. “São produtos estabelecidos, que ainda contam com grande volume de vendas, especialmente nos países emergentes”, afirma o executivo. A terceira divisão é uma novidade para a Pfizer e marca sua entrada no segmento hospitalar. 

O negócio de saúde do consumidor, que estava à venda desde 2017, será unido à mesma área da concorrente GlaxoSmithKline (GSK) em uma joint venture de US$ 12,7 bilhões, considerando-se as vendas combinadas em 2017. As transformações dos últimos anos, e o impacto da redução do número de lançamentos no início da década, estão evidenciados no novo tamanho da companhia: de US$ 75 bilhões em vendas em 2010, a Pfizer encerrou 2018 com vendas globais de quase US$ 54 bilhões. A rentabilidade, porém, foi assegurada durante esse período.

 

No Brasil, observa Murillo, o encolhimento foi menor. “Foi necessário enfrentar a perda de patentes no Brasil, mas ela não foi tão dramática. Aqui, o valor da marca ainda se mantém”, diz. A aposta de aceleração do crescimento nos próximos anos é sustentada pelo pipeline atual, o maior nos 170 anos de história da farmacêutica comemorados em 2019. Há hoje mais de 100 moléculas em estudo, 40% das quais nas últimas fases de desenvolvimento. São 26 moléculas em fase 3 de estudos clínicos e onze em fase de registro em agências regulatórias, entre tratamentos do câncer de mama e próstata, hemofilia e vacinas.

Uma das grandes novidades da farmacêutica no Brasil em 2018 foi o Ibrance (palbociclibe), uma terapia inovadora para tratamento de um tipo específico de câncer de mama metastático. Há mais de 10 anos não havia um lançamento inovador, de primeira linha, para esse tipo de câncer, que aparece entre os tumores de mama mais comuns. 

A Pfizer também passou a dedicar especial atenção às doenças raras, que ganharam prioridade nos investimentos de pesquisa e desenvolvimento – de US$ 8 bilhões, globalmente, em 2018. No país, o Ministério da Saúde incorporou no ano passado o Vyndaqel (tafimidis) à lista de produtos distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O medicamento é usado por portadores da polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), ou paramiloidose. Esse foi o primeiro tratamento específico para a doença a ser aprovado no país, em 2017. Um dos polos de pesquisa da Pfizer, o Brasil está conduzindo 30 estudos clínicos, que representam 16 moléculas. 

No total, são cerca de 600 pacientes e parcerias com universidades, empresas e laboratórios nacionais. De acordo com Murillo, houve melhora nos prazos de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), hoje em média de 24 meses ou menos em alguns casos. Contudo, há desafios no país, entre os quais a maneira de precificação de medicamentos inovadores. “As fórmulas de preço precisam evoluir um pouco mais para remunerar a inovação. 

A regulamentação precisa avançar para acompanhar a medicina”, diz o executivo, que avalia que a concorrência é o melhor meio de regulação de preços. Há mais de um ano no comando da operação brasileira, Murillo desempenhou diferentes posições de liderança da companhia na América Latina e, desde 2013, estava à frente da presidência da Pfizer Chile. Com duas graduações – em Economia e em Administração de Empresas, pela Arizona State University, nos Estados Unidos -, o executivo concluiu um MBA em Negócios na Thunderbird School of Global Management.

Fonte: Jornal Valor Econômico

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