"Pfizergate" abala confiança na Comissão Europeia
Fotografia. REUTERS/Yves Herman
Von der Leyen nega irregularidades em contratos com a Pfizer
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfrenta uma crescente pressão política após alegações de irregularidades na negociação de contratos de vacinas com a farmacêutica Pfizer. O caso, que vem sendo chamado de "Pfizergate", ganhou novo fôlego com acusações envolvendo trocas de mensagens entre Von der Leyen e o CEO da empresa, Albert Bourla, durante a pandemia de covid-19. Informou o PODER360.
Durante uma sessão tensa no Parlamento Europeu nesta segunda-feira (7), Von der Leyen negou veementemente qualquer irregularidade. Classificou as críticas como infundadas e acusou seus opositores de espalharem “conspirações já desmentidas”.
“A sugestão de que esses contratos foram, de alguma forma, inadequados ou contrários aos interesses europeus é simplesmente errada”, declarou ela diante dos parlamentares.
Segundo a presidente, os acordos foram conduzidos em total cooperação com os 27 países membros da União Europeia, sem cláusulas secretas ou imposições obrigatórias de compra. Ela foi enfática:
“Todos os Estados-membros decidiram comprar as vacinas por vontade própria. Qualquer afirmação contrária é desonesta. Na verdade, vamos chamar pelo nome: é simplesmente uma mentira.”
Moção de Censura em Vista
O discurso acontece às vésperas de uma moção de censura marcada para esta quinta-feira (10). A proposta é liderada pelo eurodeputado romeno Gheorghe Piperea e simboliza o crescente descontentamento com a liderança de Von der Leyen, especialmente em temas ligados à transparência institucional.
Em maio, o tribunal da União Europeia considerou que a Comissão errou ao negar acesso às supostas mensagens trocadas entre Von der Leyen e Bourla — decisão que alimentou a indignação entre grupos políticos, ativistas e veículos de imprensa.
Apesar de todo o alvoroço, a presidente não detalhou o conteúdo das mensagens. Disse apenas que o contato com Bourla se deu nos mesmos moldes que com especialistas em saúde durante a crise sanitária.
O caso pode ter implicações duradouras para a credibilidade da Comissão Europeia. Mais do que as mensagens, está em jogo a confiança pública nas instituições da UE e sua capacidade de agir com transparência em momentos de crise. A votação da moção de censura promete ser um termômetro importante do clima político em Bruxelas.
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