Por que é tão caro desenvolver remédios novos?

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Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | Canaltech

 

A indústria farmacêutica vive um esforço constante para fazer novos medicamentos e tratar cada vez mais doenças, o preço desse desenvolvimento, no entanto, tem ficado cada vez maior. Por que é tão caro desenvolver novos remédios? Bem, há diversos fatores, mas a resposta está, principalmente, no caráter cada vez mais específico e complexo das doenças atualmente na mira da indústria farmacêutica.

As doenças mais "fáceis" de se resolver, digamos assim, já têm suas curas descobertas e remédios específicos para seu tratamento. Agora, doenças cada vez mais desafiadores requerem pesquisas para descobrir formas de tratamento, o que encarece seu desenvolvimento e, por consequência, seu preço para o consumidor final.

 

Com doenças cada vez mais raras sendo tratadas, a necessidade de remédios mais específicos — e mais caros — é necessária (Imagem: Maxxyustas/Envato Elements)

Com doenças cada vez mais raras sendo tratadas, a necessidade de remédios mais específicos — e mais caros — é necessária (Imagem: Maxxyustas/Envato Elements)

 

Entendendo as doenças

Nas últimas décadas, o estudo do genoma vem providenciando muitos avanços no campo da medicina, estudando doenças em escalas até mesmo moleculares, entendendo como as células funcionam, como são afetadas por patologias e como podemos enfrentá-las. Mas essa precisão no tratamento também traz seus problemas.

Um exemplo bem concreto é o câncer: anteriormente, ele era identificado pelo tipo de tecido e célula que atacava, mas atualmente já o categorizamos pelo seu genótipo, ou seja, pelos genes que podem causar o desenvolvimento de uma célula cancerosa. Remédios contra a doença, então, miram nos tipos diferentes de mutação que conhecemos, o que tem se multiplicado muito. Isso gera muitas combinações de remédios a serem utilizadas pelos oncologistas em cada caso individual da doença.

 

Diagnósticos cada vez mais precisos também nos mostram que algumas condições, anteriormente encaradas como patologias únicas, na verdade são muitas doenças diferentes com sintomas parecidos, e que muitas vezes precisam ser tratadas de formas diferentes. Com cada vez mais doenças sendo descobertas, mais tratamentos precisam ser criados, o que aumenta a demanda, mas também os custos.

 

O encarecimento do desenvolvimento de remédios pode representar uma queda no aproveitamento de descobertas científicas no campo da saúde, alertam especialistas (Imagem: younis67/Unsplash)

O encarecimento do desenvolvimento de remédios pode representar uma queda no aproveitamento de descobertas científicas no campo da saúde, alertam especialistas (Imagem: younis67/Unsplash)

 

 

Quanto custa desenvolver um novo remédio?

Grandes companhias farmacêuticas gastam, em média, 17% dos lucros em pesquisa em desenvolvimento — fora a indústria de semicondutores, é a que mais gasta com pesquisa e desenvolvimento (P&D). Reportes recentes ainda indicam que isso deve crescer cerca de 3% por ano, o que deve levar a indústria a gastar R_jobs(data.conteudo)nbsp;970 bilhões até 2024.

O custo atual para desenvolver um novo medicamento é alto: em média, são quase R$ 19 bilhões gastos no processo, mas o valor pode chegar a exceder os R$ 47 bi. O problema é que, na indústria dos remédios, o risco é alto: apenas 1 a cada 10.000 compostos descobertos acaba recebendo aprovação para ser comercializado, sendo que muito dinheiro é gasto nas fases iniciais de desenvolvimento.

Os custos iniciais para se desenvolver um remédio, nos dias atuais, aumentaram mais do que os dos estágios finais, entre outras coisas, devido a critérios cada vez mais estritos para a aprovação de medicações por órgãos reguladores da saúde pelo mundo. Quando um remédio não é aprovado, o dinheiro gasto na pesquisa é simplesmente perdido.

Com tratamentos cada vez mais complexos e investimentos em medicamentos que não serão aprovados, a P&D fica cada vez mais cara, o que proporcionalmente aumenta os custos dos remédios vendidos. Especialistas acreditam que o caminho para fazer novas medicações está ficando cada vez mais insustentável — e que o processo precisa ser barateado e otimizado, ou os benefícios dos avanços científicos não poderão mais ser colhidos na forma de remédios melhores no futuro próximo.

Fonte: Proclinical

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