Correio Braziliense
Jornalista: Indefinido
01/11/19 - As duas equipes de pesquisadores que identificaram o efeito do vírus do sarampo no sistema de defesa destacam que a principal mensagem dos resultados obtidos é a importância de prevenir a doença por meio da vacinação. “Crianças que não receberem a vacina contra o sarampo e contraírem a doença podem realmente precisar ser revacinadas para outras enfermidades devido aos efeitos que constatamos. Esse vírus pode deixá-las suscetíveis novamente”, alerta Stephen Elledge, do Instituto Médico Howard Hughes.
Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a pesquisa nos ajuda a entender melhor as células afetadas e o quanto demora para a recomposição do sistema imune após a doença. “Acredito que isso ocorria antigamente, mas não era percebido. A vacina do sarampo usa parte do vírus vivo, mas não causa esses malefícios, o que é muito surpreendente e extremamente positivo para nós. Ela é segura e nos permite evitar o vírus e esses efeitos no sistema imune causados por ele”, frisa.
O especialista chama a atenção para o aumento de casos registrados neste ano e para a importância da imunização de adolescentes. “A metade praticamente dos casos registrados no país ocorre entre indivíduos com 15 a 30 anos de idade, que, na época em que eram mais jovens, tiveram menos oportunidade de receber a vacina ou receberam apenas uma das doses recomendadas”, explica. “Por isso, é extremamente importante essas pessoas se vacinarem, pois elas podem passar o vírus para crianças ainda não vacinadas, criando uma cadeia de transmissão extremamente alta.”
Alex Dennis, presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, também acredita que as conclusões dos estudos servem como mais um alerta para a necessidade de vacinação da população, principalmente os mais jovens. “No Brasil, vivemos um momento perigoso. Nosso país tem como característica uma grande malha rodoviária, que é altamente usada, e essa característica faz com que seja ainda mais fácil uma doença se disseminar. Só a vacina pode ajudar a evitar um cenário mais grave”, frisa. “Temos que zelar pela vacina na infância, mas precisamos lembrar dos adolescentes e dos adultos, que podem não ter recebido ou ter apenas uma das doses e contribuem muito para a explosão de casos.”(VS)
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