( Valor Econômico )
Jornalista: Juliana Machado
20/11/19 - O aumento da liquidez na bolsa de valores, com mais investidores locais buscando a renda variável, beneficiou praticamente todos os setores dentro do Ibovespa ao longo de 2019. As companhias de proteína animal, as construtoras e as empresas expostas diretamente ao setor de saúde, entretanto, foram as que mais colheram valorização entre todas as demais do índice no acumulado do ano até o momento.
Levantamento feito pelo Valor mostra que o valor de mercado conjunto de JBS, BRF e Marfrig praticamente dobrou em 2019, saindo de R$ 52,8 bilhões no fim do ano passado para R$ 106,6 bilhões agora. Já no setor de construção, MRV e Cyrela valem juntas, hoje, R$ 18,2 bilhões na B3, contra R$ 11,7 bilhões no fim do ano passado - um ganho de 56%. A alta do Ibovespa em 2019 é de 20,4% até agora; ontem, o índice caiu 0,38%, aos 105.864 pontos.
Empresas expostas ao setor de saúde, como operadoras de planos e fabricantes de medicamentos, também foram destaques dentro do índice. A perspectiva não só para a atividade brasileira como a necessidade de busca por alternativas com o envelhecimento da população explicam a disparada de 61,8% do valor de mercado conjunto de Qualicorp, Intermédica e Hypera no ano até agora, para R$ 62,7 bilhões.
Grande aposta para 2019, com a promessa de retomada da economia brasileira, o setor de varejo entregou um bom ganho de valor de mercado, embora abaixo dos outros: 27,8% no acumulado do ano, saindo de R$ 449,9 bilhões no fim de 2018 para R$ 575,1 bilhões agora. Nesse caso, estão incluídas todas as empresas diretamente ligadas ao ciclo de economia doméstica: B2W, CVC, Lojas Americanas, Lojas Renner, Magazine Luiza, Natura, Localiza, Pão de Açúcar, Via Varejo, Raia Drogasil e Ambev.
Quem ficou mais para trás em termos de rentabilidade no ano foram os setores bancário e de commodities (petróleo, minério e celulose). Os bancos do Ibovespa - Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e BTG Pactual - valem hoje R$ 937,7 bilhões na bolsa, o que representa ganho de 7% em 2019. Já Petrobras, Vale, Gerdau, Usiminas e CSN se valorizaram 10,4% em 2019, avaliadas em R$ 699,4 bilhões hoje. Suzano e Klabin colheram uma alta de 17,4% no ano, valendo juntas R$ 71 bilhões.
No setor de proteína animal, a peste suína africana na China, que fez aumentar a demanda no país pela morte de diversos animais, explica boa parte dos ganhos. Fator adicional no caso da BRF é o melhor ciclo da produção de carne de frango do Brasil, já que a empresa dona da Sadia e da Perdigão é líder nas exportações mundiais nesse segmento. Já a exposição ao mercado de carne bovina nos EUA coloca a JBS em boa posição, uma vez que o mercado americano já é, hoje, o grande foco da empresa.
Já no caso das companhias de construção, o grande motivador foi a confiança dos investidores com a melhora da economia brasileira - uma aposta que começou mais forte no início de 2019 e deu lugar a certa frustração com o passar do tempo. Agora, mesmo com a perspectiva majoritária do mercado de retomada a partir de 2020, não é uníssono no mercado a rentabilidade adicional das empresas desse setor.
“Construtoras devem registrar bom crescimento com a atividade melhorando no ano que vem, mas teríamos que apostar numa economia ainda mais forte além de 2021, e não temos essa visibilidade ainda. A perspectiva é muito boa para construtoras, mas o preço das ações já parece adequado ao que os indicadores mostram até agora”, afirma Gilberto Nagai, responsável por renda variável da BNP Paribas Asset Management.
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