por Eliane A Oliveira
GreenMe
Você sabia que a indústria farmacêutica negligencia algumas doenças porque, sendo acometidas por pobres, não dá lucro e portanto não há interesse em pesquisar e descobrir a cura das mesmas?
De acordo com uma pesquisa publicada na BBC News Brasil, as doenças negligenciadas pela indústria farmacêutica afetam milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
Os dados são da OMS (Organização Mundial da Saúde) que classificou 17 doenças tropicais como negligenciadas. São elas:
- Úlcera de Buruli (infecção por Mycobacterium ulcerans)
- Doença de Chagas
- Dengue / dengue grave
- Dracunculíase (doença do verme da Guiné)
- Trematodiases de origem alimentar e fasciolíase (causada pelo verme Fasciola hepatica)
- Tripanossomíase humana africana (doença do sono)
- Equinococose humana (doença hidática)
- Leishmaniose
- Lepra
- Filariose Linfática
- Oncocercose
- Raiva
- Esquistossomose
- Helmintíases transmitidas pelo solo
- Taenia / cisticercose (teníase)
- Tracoma
- Bouba (causada pela bactéria Treponema pallidum pertenue)
O motivo do desinteresse da indústria farmacêutica é por essas doenças estarem relacionadas com a pobreza e não terem um retorno lucrativopara o mercado, afirmou Sinval Brandão, pesquisador da Fiocruz e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).
Apesar dessas doenças não serem mais um problema em regiões onde as condições de vida e de higiene melhoraram, nas regiões mais pobres elas continuam presentes, sendo boa parte delas no Brasil.
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="4150813131">De acordo com Jardel Katz, gerente de pesquisa e desenvolvimento da DNID (Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas):
"O Brasil foi responsável por 70% das mortes no mundo por doença de Chagas em 2017; contribuiu com 93% dos novos casos de hanseníase e 96% dos casos de leishmaniose visceral do continente".
Segundo a OMS, as pessoas afetadas por essas doenças não têm voz política e, quando chamam a atenção é por que a faixa atingida saiu do círculo da pobreza e passou a atingir a classe média e os bairros ricos, como no caso da dengue.
O jeito é contar com a ajuda de entidades como o projeto G-Finder, que incluiu 33 enfermidades no relatório anual de doenças negligenciadas, inclusive a tuberculose e a malária. No relatório mais recente, foi constatado que o governo brasileiro fez um corte de 42% em verbas para pesquisa de doenças negligenciadas entre 2016 e 2017. Esse projeto é organizado pelo centro de estudos Policy Cures Research, patrocinado pela fundação Bill & Melinda Gates.
Doenças negligenciadas no Brasil
Em 2008, o Ministério da Saúde definiu apenas sete doenças negligenciadas como prioridade no Brasil: dengue, doença de Chagas, leishmaniose, hanseníase, malária, esquistossomose e tuberculose. A falta de investimento nessas doenças, faz com que o tratamento utilizado contra elas seja antigo, onde substâncias tóxicas, como o antimoniato (no caso da leishmaniose) por exemplo, sejam utilizadas causando outros problemas de saúde.
O combate à dengue é feito do mesmo jeito desde 1980 e com relação ao tratamento, existe apenas uma vacina que não é muito eficiente. Por este motivo se faz tão necessária a parceria com a iniciativa privada, pois ela ajuda mais na questão de inovação e tratamento.
As universidades e instituições públicas fazem a parte das pesquisas em ciência básica, que estudam os agentes causadores e como combatê-los. Já a iniciativa privada, que tem mais dinheiro e estrutura para bancar as questões regulatórias, atuam com os estudos sobre a criação, aplicação e fabricação dos remédios.
Katz afirma que é preciso trazer parceiros na esfera governamental e da ciência básica para conversar e também ter um parceiro industrial, pois é importante ter parceiros diferenciados que dominem diferentes estágios da produção dos medicamentos.
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="4150813131">Investimento em P&D no Brasil
Apesar do investimento em pesquisa e desenvolvimento para as doenças negligenciadas ter alcançado o maior patamar em 2017, no Brasil houve uma queda de 42% comparado com o ano de 2016, segundo o relatório da G-Finder.
Essa diminuição no financiamento público foi resultado do teto dos gastos estabelecidos pelo governo, devido ao corte de duas agências financiadoras: o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Falando em números, as reduções no investimento em pesquisas sobre as doenças negligenciadas foram de:
- Malária - 15%;
- Leishmaniose - 63%;
- Tuberculose - 45%;
- Doença de Chagas - 74%
Apesar dessas reduções, apenas duas doenças tiveram aumento nos investimentos em pesquisa que foram a dengue com 41% de crescimento e a esquistossomose com um aumento de 460% quando comparados os anos de 2016 até 2017. Isso porque, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1,5 milhões de pessoas vivem em áreas com maior risco de contrair essa doença.
Governo joga a culpa no Ministério da Saúde
Ao ser questionado pela BBC News Brasil, o Ministro do Planejamento Dyogo Oliveira, diz que quem deveria se explicar sobre esse assunto é o Ministério da Saúde, uma vez que o dinheiro foi passado ao órgão, o qual fica com o cargo de decidir onde deverá gastá-lo. Em resposta, o Ministério da Saúde informou que mantém as pesquisas por meio de parcerias com órgãos governamentais e que não é responsável pelo corte das agências financiadoras.
Além disso, o Ministério da Saúde também informou que existem também outras doenças (as não-transmissíveis), o que faz com que os recursos para as pesquisas sejam destinados para diversas áreas. Sobre as doenças negligenciadas, afirma-se que os recursos maiores poderão ser destinados para doenças mais específicas, como a Zyca e o Aedes aegypti, por exemplo.
O Ministério da Saúde também destacou uma lista de ações de combate às doenças negligenciadas que não envolvem pesquisa e desenvolvimento e, por este motivo, não entram no relatório da G-Finder. Dentre elas estão os repasses extras anuais superiores a 10 milhões para a intensificação do controle da malária em Estados com maior número de casos.
Campanhas contra a hanseníase são realizadas junto à população para alertar sobre os sinais da doença e também contra a tuberculose, para a qual foi criado o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, em conjunto com as secretarias estaduais e municipais. O órgão lembrou também sobre o diagnóstico e tratamento gratuito que é oferecido pelo SUS para tratar essas doenças.
Difícil mesmo é ter capacidade e eficiência para atender a alta demanda da população nesses lugares. O melhor mesmo é buscar informação, principalmente sobre o que o governo está fazendo com o dinheiro da população que, apesar de em muitas regiões não terem tanta informação assim, precisam ainda mais desses recursos do que os mais bem informados.
Comentários
Bom dia. Esqueceram das doenças neurológicas como por exemplo, DOENÇA DE HUNTINGTON, , doença degenerativa e por hereditariedade de mãe e pai. Um produto que precisa urgentemente chegar ao Brasil: TETRABENAZINE, indicado para essa doença. É comercializada com os nomes Xenazine, Nitoman ou Revocon - Procurem saber junto a ABH - Associação Brasil Huntington, que fica em São Paulo - tels. 3207.1525 e 30206031 - Procurem saber quantas pessoas são atingidas por essa DH. Obrigado.