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A negligência masculina com a saúde é muito maior do que a feminina.
Larissa Leiros Baroni
do UOL
Quatro em cada dez brasileiros afirmam não realizar nenhum exame preventivo contra o câncer, segundo uma pesquisa da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica). Dado que indica que a negligência masculina com a saúde é muito maior do que a feminina, já que apenas uma em cada dez mulheres não adotam os testes.
A situação é pior em Roraima, onde 73% dos moradores do sexo masculinos dizem não realizar nenhum exame preventivo nem os mais simples, como check-ups e exames de próstata. Outros 16 estados também estão abaixo da média nacional (39%): Mato Grosso do Sul (57%), Piauí (54%), Ceará (54%), Paraíba (50%), Rio Grande do Sul (48%), Santa Catarina (47%), Rondônia (47%), Acre (47%), Pernambuco (43%), Rio Grande do Norte (43%), São Paulo (40%), Maranhão (40%), Pará (40%), Tocantins (40%) e Amazonas (40%), assim como o Distrito Federal (43%).
O Estado com mais exames é o Espírito Santo. Lá, apenas 7% dos homens não adotam as medidas preventivas contra o câncer. Na sequência, aparecem Alagoas (21%), Goiás (25%), Mato Grosso (27%), Bahia (27%), Amapá (33%), Minas Gerais (33%), Paraná (35%), Rio de Janeiro (35%) e Sergipe (36%).
A pesquisa ouviu 723 homens de todo o país (34% Sudeste, 25% Nordeste, 15% Sul, 16% Norte e 10% Centro-Oeste) e das mais variadas classes sociais (5% A; 24% B, 50% C e 21% D/E).
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">Segundo Volney Soares Lima, diretor da SBOC, todo homem deveria realizar a partir dos 50 anos uma colonoscopia –exame no interior do intestino grosso e da parte final do intestino delgado, capaz de identificar e remover possíveis pólitos, que podem evoluir para câncer– e o temido exame do toque –capaz de detectar câncer na próstata.
“É importante se atentar às suas particularidades. Por exemplo, se há casos na família desses tipos de câncer, os exames devem ser realizados antes dos 50 anos”, afirma o especialista. “E aqueles que fumam, por exemplo, devem procurar o pneumologista para fazer os exames capazes de detectar precocemente um câncer de pulmão.”
Quanto mais cedo diagnosticado o câncer, como destaca Lima, maiores as chances de cura, sobrevida e qualidade de vida do paciente. “Com o câncer de próstata, por exemplo, as chances de vencer a doença chegam a 90% quando o diagnóstico acontece na fase inicial”, aponta Lima, que diz que a explicação para a negligência masculina é multi-fatorial.
“Parte é culpa do paciente, parte do sistema. Há sim uma negação em relação à existência do problema, mas também a dificuldade de se marcar exames como a colonoscopia no SUS (Sistema Único de Saúde).”
Lima ressalta ainda a falta de informação em relação aos tipos mais incidentes da doença entre homens: próstata, pulmão e intestino. Segundo o levantamento da SBOC, cerca de 10% dos homens não conhecem os dois primeiros tipos de câncer e 19% afirmaram não conhecer o último. Mas o que mais preocupa mesmo é o índice dos entrevistados que dizem não achar os exames preventivos importantes: 22%.
Negligência que também se faz presente em outras formas de combate ao câncer, como é o caso da alimentação. De acordo com o levantamento, 38% dos brasileiros não identificam alimentos embutidos como fatores de risco para o desenvolvimento de tumores. O resultado disso é que 57% da população masculina ainda não evita o consumo de produtos industrializados e 27% não vê relação entre sobrepeso e câncer.
“A obesidade é a segunda causa mais comum de prevenção do câncer, atrás apenas do cigarro”, alerta Lima. “O desenvolvimento de câncer de cólon e reto está diretamente ligado a hábitos de vida, como alto consumo de carnes vermelhas e carnes processadas, pouca ingestão de frutas, legumes e verduras, obesidade e inatividade física”, exemplifica.
O álcool é outro vilão do câncer ignorado pelos homens. Segundo a pesquisa, 32% dos brasileiros não reconhecem que a ingestão de bebidas alcoólicas pode ser um fator relevante no desenvolvimento da doença e 44% não procuram evitar esse consumo. Pelo contrário, mais da metade dos homens (53%) bebem –sendo que um a cada 4 bebe duas ou mais vezes por semana.
Fonte: UOL
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