A proposta de vender medicamentos em supermercados no Brasil está gerando um debate acalorado nas redes sociais e em diversas esferas da sociedade. A discussão envolve figuras-chave como Eugenio De Zagottis, acionista da rede de farmácias RD Saúde, e João Galassi, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). As informações são do Valor Econômico.
A Abras argumenta que a venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados ajudaria a reduzir a pressão inflacionária sobre os alimentos, ampliando o acesso desses produtos para a população. A associação está tentando obter apoio do governo federal para viabilizar a comercialização desses medicamentos nos supermercados.
Por outro lado, Zagottis, apoiado pelo médico Drauzio Varella, expressou sérias preocupações quanto a essa medida. Ele enfatizou que os supermercados, que já podem vender medicamentos em suas próprias farmácias com farmacêuticos licenciados, estão fechando essas farmácias porque não conseguem competir em termos de preço. Assim, ele afirma que o argumento de que a venda de MIPs em supermercados ajudaria a reduzir a inflação é falacioso.
Zagottis também destacou a necessidade de farmacêuticos presentes em tempo integral nos supermercados para garantir a segurança da venda de medicamentos, uma condição que não está prevista no Projeto de Lei (PL) 1774/2019. Ele alertou que, sem a presença desses profissionais, a venda de medicamentos poderia levar a riscos significativos para a saúde pública. Além disso, comparou a situação com a dos Estados Unidos, onde a venda de medicamentos em supermercados é permitida, mas destacou que o objetivo lá é estimular o consumo de MIPs em substituição aos medicamentos tarjados, reduzindo custos para o governo e planos de saúde, algo que não se aplica ao contexto brasileiro.
Galassi, em resposta, apontou que muitos supermercados já operam farmácias de acordo com a legislação e sugeriu que a proposta poderia ampliar rapidamente o acesso aos MIPs com conformidade regulatória e supervisão farmacêutica, beneficiando ainda mais os consumidores. No entanto, Zagottis replicou, questionando se a Abras realmente propõe a presença física de farmacêuticos em tempo integral e supervisão da Anvisa/Covisa, deixando dúvidas sobre a viabilidade e segurança dessa medida.
A discussão é um reflexo da tensão entre a expansão do acesso a medicamentos e a necessidade de garantir a segurança e a qualidade no atendimento ao consumidor. A decisão final sobre essa proposta terá um impacto significativo tanto para o setor farmacêutico quanto para o varejo alimentar no Brasil.
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