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Valor Econômico

Jornalista: Ana Paula Machado

 

12/03/20 - O reajuste médio dos medicamentos este ano no país deve ficar em 4,08%, segundo cálculos do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma). A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) deve oficializar esse percentual no dia 31 de março.

O presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, no entanto, disse que esse aumento não deve ser repassado por inteiro ao consumidor, principalmente em categorias onde a concorrência é muito alta.

No acumulado de 2001 a 2019, a inflação geral somou 216,07% ante uma variação de preços dos produtos farmacêuticos de 167,19%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, o reajuste concedido pelo governo somou 181,04%. Neste ano, a inflação de medicamentos foi de 2,84%, ficando abaixo do IPCA geral de 4,31%.

“Historicamente, em categorias em que há genéricos o repasse não ocorre em sua totalidade. O mercado se autorregula. Além disso, esse aumento de preços, autorizado pela CMED, deve chegar ao consumidor, em alguns medicamentos, somente em maio ou junho”, disse Mussolini.

Segundo ele, dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer. “Por isso a inflação do medicamento é menor que o índice geral”, ressaltou.

O reajuste de medicamentos é definido por uma fórmula que considera o IPCA, nível de produtividade da indústria (fator X), os custos somados não captados pelo IPCA, como variação cambial, tarifas de eletricidade e preço de insumos (fator Y) e o nível de concentração do mercado (fator Z). A CMED também classifica as categorias de medicamentos de acordo com a concorrência.

Diante desse cálculo, o nivel 1, que é a classe de medicamentos mais competitiva, o reajuste será de 5,21%. Já o nível 2, com concentração média de mercado, o aumento definido deverá ser de 4,22% e, por último, o nível 3, com baixa concorrência, os preços terão um teto de aumento de 3,23%.

Mussolini afirmou que 32,5% do medicamentos comercializados no Brasil estão classificados no nível 1, 21,5% no nível 2 e outros 47% no nível 3. “Neste ano teremos um repasse do IPCA, que foi definido pela CMED em 4%, mas já tivemos anos em que o aumento foi abaixo da inflação. Agora, o aumento do dólar nessas últimas semanas não foi considerado nesse cálculo”, acrescentou o dirigente.

Segundo ele, com isso, a rentabilidade das farmacêuticas deve ser menor neste ano. “95% das matérias-primas são importadas e com o dólar nesse patamar os custos vão aumentar. Vai ter impacto na rentabilidade das empresas”, disse Mussolini.

Mussolini ressalta que, apesar de crescimento do mercado neste ano, tanto em volume quanto em valor, as fabricantes de medicamentos não devem melhorar as margens em função da alta dos custos e da regulação dos preços. “Esse é um mercado em que a concorrência é alta e não tem razão para controle de preços. Os aumentos são sempre menores do que o permitido”, disse o presidente do Sindusfarma.

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