Recuperação de paciente com AVC depende de atendimento rápido

Recuperação de paciente com AVC depende de atendimento rápido – Click Campos

Folha de S.Paulo 
Jornalista: Paulo Ricardo Martins

A partir do momento em que uma pessoa sofre um AVC (acidente vascular cerebral), ela perde dois milhões de neurônios por minuto —o cérebro tem 86 bilhões. Por isso, quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento, maior a chance que o paciente tem de sobreviver à doença e não ficar com sequelas graves.

Essa foi uma das conclusões do seminário AVC: Desafios e Inovações para Prevenção, Atendimento e Tratamento, promovido pela Folha, com patrocínio do Hospital SírioLibanês e da empresa biofarmacêutica Allergan. O evento foi realizado na última quinta (4) e teve mediação da jornalista Ana Bottallo.

Suzete Farias, gerente-médica de multiespecialidades do Idor Bahia (Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa), explica que existem duas formas de tratar um derrame do tipo isquêmico —quando há entupimento da artéria que bombeia sangue para o cérebro.

É possível usar a trombectomia mecânica para aspirar a placa de gordura causadora da interrupção do fluxo sanguíneo ou aplicar medicamentos intravenosos capazes de dissolver o coágulo. O segundo caso, no entanto, só pode ser feito até quatro horas e meia depois do início dos sintomas.

A médica alerta para a necessidade de reconhecer os sintomas e procurar o serviço de saúde certo. “Não adianta ir para qualquer emergência, porque somente hospitais que têm protocolos de AVC instituídos e organizados terão condições de atender o paciente da forma adequada.”

Uma alternativa é acessar o aplicativo AVC Brasil, que mapeia os locais que possuem atendimento para a doença.

Segundo Jose Guilherme Mendes Pereira Caldas, coordenador médico do Serviço de Neurorradiologia Intervencionista do Hospital Sírio-Libanês, já existem exames avançados para verificar o estado das artérias e evitar um AVC.

O especialista afirma que é comum que pessoas com mais de 45 anos sejam submetidas a um procedimento de checagem das artérias do pescoço, porque, nessa

Jose Guilherme Mendes Pereira Caldas coordenador do serviço de neurorradiologia do Hospital Sirio-Libanês idade, já pode haver formação de placas. Elas, por sua vez, podem causar um êmbolo, responsável pela interrupção do fluxo sanguíneo.

Caldas diz que, para prevenir a doença, o mais importante é ter um estilo de vida saudável. “Não pode ter pressão alta, o diabetes tem que ser controlado e é necessário evitar o tabagismo e o álcool.”

A Covid também se tornou um fator que pode agravar casos de derrame, segundo Suzete Farias, que participou de um estudo sobre o tema.

Mesmo que haja um esforço na rapidez do atendimento e na prevenção do derrame, de 60% a 70% das pessoas desenvolvem algum tipo de incapacidade, segundo Linamara Rizzo Battistella, umas das coordenadoras do grupo de desenvolvimento das diretrizes de reabilitação relacionadas à saúde da OMS/WHO. Cerca de 40% dos pacientes criam alguma dependência mais grave durante toda a vida.

Para que a recuperação seja a melhor possível, a médica diz que é preciso fazer um tratamento intensivo nas duas semanas seguintes ao derrame. Três áreas precisam ser contempladas: comunicação, mobilidade e parte sensorial, trabalhadas em conjunto.

“O completo bem-estar não significa andar como se andava antes, mas estar apto para uma boa interação social. O dever da equipe é orientar o paciente para que o tratamento seja mantido intensamente no hospital, no centro de reabilitação e depois em casa, para a vida toda.”

Battistella cita tecnologias que podem ajudar na recuperação. É o caso do uso de robôs, que auxiliam na movimentação dos membros, e a espectroscopia por infravermelho, que verifica o quanto o movimento está melhorando alguma parte do cérebro.

O escritor Raimundo Carrero, 73, também presente no evento, foi vítima de um AVC em 2010. Ele conta que tentou levantar da cama durante a noite, mas não conseguiu.

A ambulância foi chamada, e o escritor levado ao hospital, onde realizou exames e foi conduzido à UTI. Depois, ele passou por fisioterapia.

“O que mais me impressiona é que eu não senti nada antes de ter o AVC”, conta. Hoje, ele ainda não consegue mexer a mão esquerda.

Na abertura do seminário, Marco Paschoalin, diretor médico da AbbVie, empresa farmacêutica, apontou a importância de se ampliar os conhecimentos sobre o AVC. “

É importante que o paciente tenha consciência de que existem maneiras de amenizar as sequelas para que ele possa ter o máximo de normalidade em sua vida —e até que possa ter, em muitos casos, uma completa recuperação”, diz Paschoalin.

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