O Globo
O Ministério da Saúde do Reino Unido afirmou, nesta sexta-feira, que as autoridades reguladoras de saúde na Inglaterra abriram caminho para que os cigarros eletrônicos sejam prescritos por médicos, pela primeira vez, para ajudar as pessoas a pararem de fumar.
Em nota, o ministério destaca que a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do país (MHRA) publicará orientações atualizadas para que cigarros eletrônicos sejam prescritos com licença médica a fumantes que desejam deixar o cigarro tradicional.
Segundo o comunicado, o secretário de Estado de Saúde e Assistência Social do país, Sajid Javid, deu as boas-vindas ao mais recente avanço no processo de licenciamento para os fabricantes dos dispositivos.
As empresas poderão submeter seus produtos para aprovação regulamentar pela MHRA e, eventualmente, serem indicados pelo Serviço Nacional de Saúde do país (NHS), diz o comunicado. Isso significa que a Inglaterra pode se tornar o primeiro país do mundo a prescrever cigarros eletrônicos licenciados como produtos médicos.
Avaliações têm mostrado que os cigarros eletrônicos regulamentados não são isentos de riscos, mas são menos prejudiciais do que o fumo de cigarros a combustão, afirma o ministério. A pasta ressalta, no entanto, que não fumantes e crianças são fortemente desaconselhados ao uso dos dispositivos.
As taxas de tabagismo no Reino Unido caíram para níveis recordes, mas provocaram a morte de quase 64 mil pessoas na Inglaterra em 2019. Essa continua sendo a principal causa evitável de morte prematura no país, que ainda conta com cerca de 6,1 milhões de fumantes.
O ministério afirma ainda que os cigarros eletrônicos foram o auxílio mais popular usado por pessoas que tentaram largar o cigarro a combustão na Inglaterra em 2020, e que os dispositivos foram altamente eficazes para essa função.
Também em outubro, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, autorizou pela primeira vez a venda de um cigarro eletrônico no país. Em comunicado, a agência sinalizou que a ajuda oferecida por alguns dispositivos vaporizadores (conhecidos como vapes) para que fumantes deixem os cigarros tradicionais é mais significativa que os riscos de viciar uma nova geração.
A decisão histórica pode abrir caminho para que outros cigarros eletrônicos sejam autorizados a permanecerem no mercado americano. Enquanto não são aprovados, os produtores de cigarros eletrônicos têm mantido um padrão de espera no país — a maioria de seus produtos estão no mercado, mas aguardando autorização oficial.
A decisão não é um consenso entre os especialistas. Alguns acreditam que permitir dispositivos vaporizadores como uma alternativa ao fumo tradicional pode tornar mais fácil para o governo impor uma regulamentação mais rígida sobre a nova modalidade e ajudar a diminuir os cigarros a combustão — responsáveis por mais de 400 mil mortes por ano nos EUA. Por outro lado, médicos destacam os riscos que os cigarros eletrônicos oferecem à saúde, especialmente aos mais jovens.
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