O Estado de S.Paulo
Jornalista: Roberta Jansen
Um remédio usado comumente no tratamento da aids e fabricado em larga escala no Brasil tem um efeito promissor no combate à covid-19 – superior mesmo ao da cloroquina, em teste em vários países.
A pesquisa da Fiocruz realizada in vitro constatou que o medicamento atazanavir é capaz de inibir a replicação do novo coronavírus, além de reduzir a produção de proteínas que estão ligadas ao processo inflamatório nos pulmões e, portanto, ao agravamento do quadro clínico. Os especialistas também investigaram o uso combinado do atazanavir com ritonavir, outro medicamento contra o HIV.
O estudo foi publicado no domingo, na plataforma internacional BiorXiv, em formato de pré-print, seguindo a tendência dos estudos feitos em meio à emergência sanitária. Como se trata de uma substância usada há muito tempo com segurança, o remédio pode ser testado imediatamente em seres humanos. “A análise de fármacos já aprovados para outros usos é a estratégia mais rápida que a ciência pode fornecer para ajudar no combate à covid-19, juntamente com a adoção dos protocolos de distanciamento social já em curso”, aponta o virologista Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, principal autor do estudo.
Também foram realizados experimentos comparativos com a cloroquina. Nesse caso, os resultados obtidos apenas com o atazanavir e em associação com o ritonavir foram melhores que os observados com a cloroquina. “Não se trata de uma competição: quanto mais substâncias promissoras, melhor”, frisou Moreno. “Se a cloroquina fosse 100% eficaz, não teríamos mais nenhuma morte por covid-19.”
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