Remédio para dermatite pode ajudar em casos graves de asma

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MATHEUS MOREIRA
Da Folhapress - São Paulo

O uso de um anticorpo reduz o uso de corticoide por pacientes com asma severa e diminui a ocorrência de crises agudas da doença, segundo resultados de ensaios clínicos feitos por pesquisadores da Universidade de Kiel, na Alemanha, e publicados na revista científica The New England Journal of Medicine.

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Estima-se que entre 50% e 70% dos asmáticos apresentem um tipo de inflamação mais grave, que impede a respiração. O que o anticorpo dupilumabe faz é bloquear a ação de proteínas ligadas ao sistema imunológico que levam o organismo a reagir de forma exagerada na defesa do organismo contra alergias, asma e infecção por parasitas.

Ao todo, participaram do estudo 203 voluntários, dos quais 101 receberam o medicamento e 102 receberam o placebo. Ao analisar os resultados, os autores observaram que cerca de 70% dos pacientes reduziram a quantidade de vezes que usaram o corticoide após o uso de dupilumabe por 24 semanas. O estudo foi patrocinado pela Sanofi e pela Regeneron.

As conclusões do estudo jogam luz sobre como o uso frequente de corticoides para reduzir essas crises afeta e até agrava a asma nos casos mais severos e pode aumentar a quantidade das exacerbações, na linguagem médica, e as chances de depressão e de fraturas por causa de osteoporose, por exemplo.

Até 80% dos pacientes que tomaram o dupilumabe reduziram em pelo menos 50% o uso de corticoide oral e cerca de 48% interrompeu completamente o seu uso.

O dupilumabe é um anticorpo monoclonal, ou seja, que foi produzido a partir de clones de uma única célula (daí o termo “monoclonal”, ou “um clone”). Os anticorpos monoclonais se conectam a uma única região de moléculas estranhas ao organismo para neutralizá-la e auxiliam o sistema imunológico a identificar ameaças ao organismo e combatê-las.

De forma geral, o grupo que recebeu o dupilumabe registrou uma redução de 59% na quantidade de crises asmáticas e apresentou aumento no Volume Expiratório Forçado em 1 segundo (FEV1) de 5%.


O FEV1 diz respeito ao volume de ar que uma pessoa exala (coloca para fora) em 1 segundo após o ponto máximo de inspiração (chamado de Capacidade Vital Forçada, CVF), quando não é mais possível “puxar o ar”.

“Os esteroides mudam as pessoas”, disse à reportagem o pneumologista alemão Klaus Rabe, professor de medicina pulmonar na Universidade de Kiel e pesquisador responsável pelo estudo.

Entre eles, Rabe chama atenção para a possibilidade de o paciente desenvolver osteoporose, uma condição que leva à diminuição da densidade dos ossos e pode causar fraturas com maior facilidade.

Outro efeito preocupante destacado pelo pneumologista é o impacto sobre o sistema nervoso dos pacientes e seu risco de causar tristeza, ansiedade e depressão.

A própria asma já eleva o risco de um paciente desenvolver transtornos mentais. “Doenças crônicas, como a asma, têm grande impacto na saúde mental porque os pacientes sentem que não têm total controle sobre seus corpos, sentem-se menos livres, sentem medo e ansiedade sobre seu futuro, sobre sua habilidade de trabalhar e de viver em sociedade”, afirma.

“Em 40 anos, tratei muitas pessoas com esteroides, muitos dos quais tiveram benefícios com o uso do remédio, mas também vi essas pessoas desenvolverem problemas de temperamento, ansiedade, hiperatividade, coisas que sabemos que essas drogas geram. O que fizemos foi buscar, diante disso, uma solução mais segura”, aponta. “Mas ainda precisamos investigar especificamente a relação entre esteroides e transtornos mentais para entender o tamanho do impacto. Isso ainda não foi completamente compreendido”, concluiu.

A pedido da fabricante do remédio, a Sanofi, o medicamento foi liberado em junho deste ano pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o tratamento da asma grave. Até então, o medicamento só poderia ser utilizado no país em pacientes com idade superior a 12 anos diagnosticados com dermatite atópica, cujo principal sintoma é irritação na pele.

Segundo a Sanofi, o custo mensal do tratamento com Dupixent é de cerca de R$ 9.568 e varia conforme os impostos de cada Estado. “O processo de desenvolvimento de um medicamento biológico, especialmente os inovadores como dupilumabe, necessita de um robusto investimento em pesquisa”, afirmou.

“É importante ressaltar que a Sanofi oferece um programa de suporte ao paciente chamado Programa Viva, com apoio aos pacientes durante o tratamento, em linha com o compromisso da empresa de ser parceira na jornada de saúde das pessoas. O Programa Viva oferece desconto aos pacientes. Além disso, aos pacientes em tratamento com Dupixent, o programa oferece orientação em saúde, assistência da enfermeira e serviços multidisciplinares como orientação nutricional e psicológica, que têm grande importância no tratamento de pacientes”.

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