Resistência bacteriana será principal causa de morte em 2050

A infectologista Cláudia Carrilho ressalta a importância da higienização das mãos : "Se não houver água e sabão a desinfecção pode ser realizada com álcool líquido ou gel a 70%"

A infectologista Cláudia Carrilho ressalta a importância da higienização das mãos : "Se não houver água e sabão a desinfecção pode ser realizada com álcool líquido ou gel a 70%" | Vítor Ogawa - Grupo Folha

por Folha de Londrina

A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que em 2050 a principal causa de morte será a resistência bacteriana. Segundo a projeção, será quando cerca de 10 milhões de pessoas vão morrer ao longo do ano por resistência bacteriana, ultrapassando os acidentes de trânsito, os infartos do miocárdio e os cânceres. Segundo Cláudia Carrilho, médica infectologista do CCIH (Comitê de Controle de Infecção Hospitalar) do Hospital Universitário de Londrina, o uso otimizado dos antimicrobianos é a condição básica para tentar minimizar ou retardar esse efeito. O problema é que o uso indiscriminado de antibióticos acaba selecionando as bactérias mais resistentes ao medicamento.

Recentemente, Carrilho lançou a 4ª edição do "Protocolo e Diretrizes: Antibioticoterapia e Prevenção de Infecções Hospitalares", um guia que será disponibilizado gratuitamente no formato físico para instituições de ensino e de saúde e em PDF no site da Unimed Londrina para os demais públicos.

De acordo com a médica, este manual irá direcionar o uso adequado dos antimicrobianos. “O uso de guias faz parte da estratégia Antimicrobial Stewardship”, afirma, explicando que se trata de um programa que não tem uma tradução muito clara, mas se trata basicamente de praticar o uso correto dos antibióticos. “Seja no hospital ou no consultório, a prescrição deve ser responsável. Pensar se o paciente realmente precisa daquele medicamento”, aponta Carrilho.

“É preciso analisar qual a possibilidade de ter determinada bactéria naquela região do corpo. Representa escolher a melhor droga que só atinge aquela bactéria; tratar o paciente na dose correta por peso; tratar no menor tempo possível (por 5 a 7 dias); assim que o paciente estiver melhor passar o tratamento para a via oral e retirá-lo do hospital. Se o paciente estiver muito grave e for realizada a coleta de cultura, entrar com drogas de largo espectro e depois descalonar para adequação antibiótica”, descreve a especialista.

REGULAMENTAÇÃO

A infectologista afirma que existe uma regulamentação que impede venda indiscriminada de antibióticos pelas farmácias - há uma exigência da compra de antibiótico somente mediante apresentação da prescrição médica e isso é fiscalizado com a retenção das receitas. “O problema é que tem muito médico que prescreve antibiótico desnecessário. Aqui em Londrina, por exemplo, é muito difícil comprar um antibiótico sem receita médica, contudo há pacientes que insistem em obter o medicamento e pressionam os médicos a receitarem o antibiótico. Os médicos de hoje, por sua vez, não têm mais tempo para conversar com seus pacientes, porque as consultas são muito rápidas e objetivas. Alguns deles preferem fazer a receita para o antimicrobiano do que ficar conversando com o paciente explicando como é o ciclo de uma virose. Muitas infecções são virais e não precisam de antimicrobianos”, expõe. Ela reforça que o uso do antibiótico em ambiente hospitalar deve ser extremamente criterioso.

RESPONSABILIDADE DO PACIENTE

A infectologista ressalta também sobre a responsabilidade do paciente. Ela aponta que muitas pessoas compram o medicamento prescrito e quando sobra acaba usando indiscriminadamente ao sentir algum sintoma, sem saber se o antibiótico é o recomendado para o novo caso. “Isso é muito comum. Esta semana uma conhecida estava com sinusite e começou a tomar. Então essa é uma responsabilidade do paciente. A sobra da medicação não precisa jogar fora, desde que esteja no prazo de validade. Mas vá ao médico para ver se vai precisar. Não é por que tem em casa que deve tomar”, alerta.

Segundo ela, tão importante quanto isso é a higienização das mãos, já que a bactéria é transmitida pelo toque. “A pessoa deve desinfetar as mãos com água e sabão. Se não houver água e sabão a desinfecção pode ser realizada com álcool líquido ou gel a 70%. Existem embalagens pequenas que podem ser carregadas facilmente”, destaca.

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