Valor Econômico
Jornalista: Barbara Bigarelli
29/10/19 - As empresas eleitas “As Melhores na Gestão de Pessoas” no “Valor Carreira”, anuário produzido pelo Valor em parceria com a consultoria Mercer, pretendem ampliar o uso de ferramentas digitais em 2020 em duas frentes principais. A primeira é ampliar a automação de processos internos. A segunda é melhorar a experiência geral do funcionário, no dia a dia e para treinamentos.
“Temos investido muito em tecnologia para tornar o RH menos operacional e mais estratégico”, diz Déa Machado, gerente da área na SLC Agrícola, durante evento realizado ontem no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, para premiar as 35 empresas de destaque na 17ª edição do “Valor Carreira”. O anuário circula hoje com o jornal para assinantes e é vendido em bancas. Na prática, a tecnologia tem permitido à SLC descentralizar as informações de seus funcionários. “Antes, todos esses dados ficavam na mão do RH. Com as novas plataformas que implementamos queremos que o gestor seja mais pró-ativo na tomada de decisões relacionadas às suas equipes”, afirma Déa Machado.
No Grupo A. Yoshii, que aumentará em 22% o orçamento de RH no ano que vem, essa visão mais estratégica da área se traduz na digitalização de indicadores. A intenção da companhia é deixar esses dados mais acessíveis, além de aumentar a rapidez na transmissão de informações estratégias dentro da empresa. Na Gazin, os investimentos recentes em uma plataforma de gestão visam aumentar a performance de seus funcionários. “Queremos usar a tecnologia na gestão de pessoas para ganhar tempo ao propor ações”, diz Viviane Thomaz, gerente de gestão de pessoas.
Diminuir o tempo gasto respondendo dúvidas processuais foi uma estratégia usada pelo Bradesco ao levar sua assistente virtual de atendimento aos funcionários. A BIA, como é chamada, tem capacidade de responder 8 mil dúvidas processuais de RH, segundo Victor Queiroz, diretor da área no banco. “95% dos casos que chegam são resolvidos pela BIA, o que libera os profissionais para investir tempo em aprendizado e negócios na gestão de pessoas”, afirma Queiroz. Uma das iniciativas que sua área está priorizando para 2020, diz, é o investimento em ações que “reforcem a marca empregadora Bradesco”, para atrair jovens no início de carreira. Em paralelo, o banco vai intensificar treinamentos para desenvolver internamente habilidades socioemocionais e capacidades alinhadas ao contexto de transformação digital.
Fornecer novas formas e opções de aprendizado é uma ação presente em várias empresas que se destacaram no “Valor Carreira”. “Em comparação a 2018, notamos uma evolução qualitativa principalmente pela maneira como estão oferecendo aos funcionários a oportunidade de desenvolver habilidades alinhadas às suas necessidades futuras”, diz Stéfani Guerrero, líder de engajamento da Mercer Brasil.
A Bem Brasil pretende aumentar em 50% o orçamento de RH visando, sobretudo, desenvolver funcionários para cargos de gestão, treinar quem irá operar sua quarta linha de produção a partir de 2022 e capacitar trabalhadores para analisarem, em tempo real, os dados diretamente na fábrica. “Precisamos desenvolvê-los para o projeto de indústria 4.0”, diz Franciele Reis, supervisora de RH.
Essa também é uma visão prioritária cultivada na Coca-Cola Femsa. “Os canais digitais e de análise de dados não existiam há dois anos na empresa. Estamos investindo pesado para ganhar essas competências”, diz Leopoldo Paniagua, diretor de RH da Coca-Cola Femsa Brasil. Dentro de um contexto amplo de transformação cultural de toda a empresa, a digitalização do RH ganha espaço visando melhorar a experiência do funcionário.
Este é, inclusive, o objetivo do grupo Cataratas ao investir com maior força em 2020 em “gamificação”. Com o projeto, conta Robson Lourenço, gestor da área de gente, os funcionários vão acumulando pontos para diversas ações que realizam – desde plantar uma árvore até iniciar uma nova formação. Os maiores pontuadores podem ganhar prêmios, como viagem a Foz do Iguaçu. “É uma forma de trabalhar a experiência digital do funcionário”, afirma Lourenço.
A Eurofarma, que utiliza inteligência artificial e “machine learning” no recrutamento, tem como prioridade para 2020 investir na sucessão e capacitação de vários níveis e cargos. “Temos um grande projeto de revisar as competências de 100% do quadro da companhia”, afirma Daniela Panagassi, diretora de RH. Com essa revisão, a empresa está criando trilhas de carreiras estruturadas por projetos - e não mais por hierarquias. “Sabemos que aquelas competências que nos trouxeram até aqui não são aquelas que nos levarão para o futuro”.
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