Valor Econômico
Jornalista: Gustavo Brigatto
09/12/19 - Na fábrica de chocolates da Nestlé em Caçapava (SP), diferentes gerações têm convivido em harmonia nos últimos anos. E não são apenas os funcionários com diferentes idades que trabalham juntos. No maquinário, equipamentos com três ou quatro décadas de uso operam ao lado de robôs instalados nos últimos três anos.
Os primeiros - grandes, pesados e importados - funcionam dentro de gaiolas para garantir a segurança dos funcionários caso haja algum problema no processo de empilhar caixas e pallets.
Já os modelos mais recentes são braços mecânicos de menor porte, mas de igual capacidade, que podem ser deslocados facilmente pela fábrica. São fabricados pela catarinense Pollux e operam sem necessidade de proteção adicional porque são equipados com sensores que paralisam seu funcionamento quando um operador se aproxima. “A tendência é só comprar esses modelos menores”, diz Michey Piantavinha, gerente da unidade de Caçapava da Nestlé.
Segundo ele, a Nestlé Brasil é a unidade da companhia, sediada na Suíça, com mais robôs em todo o mundo, tendo colocado 50 equipamentos em uso desde 2016. Até o meio do ano que vem serão 65. “À medida que a Nestlé e as demais companhias com plantas no Brasil aumentarem a aplicação das novas tecnologias da indústria 4.0 conseguiremos, com escala e inovação desenvolver mais soluções, mais acessíveis e que trarão maior eficiência e competitividade para as operações”, diz.
Com o uso de robôs nas linhas de produção, a Nestlé tem conseguido oferecer mais opções de customização para atender varejistas - caixas com mais ou menos produtos, ou de formatos diferentes - e na sua operação de venda direta aos consumidores.
A compra de cápsulas de café da linha Dolce Gusto pelo site da marca, por exemplo, pode ser feita sem quantidade mínima por tipo de bebida (o pedido pode ter apenas uma de cada) porque a fábrica onde elas são feitas, em Montes Claros (MG), nasceu no sistema digital, há três anos. O projeto foi desenvolvido e conduzido pela equipe brasileira da Nestlé.
Além dos robôs, a Nestlé tem investido na aplicação de tecnologias como impressoras 3D e inteligência artificial em suas linhas de produção.
No caso da impressão, os equipamentos estão sendo usados para a criação de moldes e de peças de reposição para máquinas. Com o investimento, o prazo de criação de um molde caiu de 90 dias para uma semana, o que permite que a companhia consiga criar mais edições especiais de seus produtos. A impressão de comida é um tema que tem sido acompanhado. “Estamos atentos à evolução para sermos assertivos em quando iniciar a utilização em escala”, diz.
Já a inteligência artificial está sendo aplicada em processos como o controle do uso de água nos processos de secagem de café e limpeza de tanques de leite na unidade de Araras (SP), reduzindo custos e tempo de parada, já que por meio de sensores, o próprio equipamento é capaz de comandar o processo. “A produtividade aumenta de 15% a 17% porque a operação da linha fica mais estável”, diz Ronald Delfino, gerente de Serviços de Manufatura da Nestlé Brasil.
A companhia também tem um projeto de monitoramento em tempo real de vacas produtoras de leite orgânico. Se algum problema é detectado, o fazendeiro é alertado para tomar as medidas necessárias, garantindo o bem-estar do animal e o nível de produtividade. Hoje, 30% da produção de leite é monitorada pelo projeto Cowsense.
Até o fim de 2020 o objetivo é chegar a 100%.
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