Simulador de cirurgias robóticas (Foto: Divulgação/H9J)

Enquanto o impacto da IA na medicina é debatido, robôs "não inteligentes" fazem parte da rotina de alguns hospitais do país

O debate sobre o impacto (e os limites) da tecnologia na medicina nunca foi tão atual. Pesquisadores e médicos de todo o mundo têm buscado definir, por exemplo, até onde é possível e seguro utilizar inteligência artificial (IA) para lidar com pacientes. Enquanto isso, tecnologias não autônomas, mas ainda de ponta, já desempenham papéis importantes em hospitais. No Brasil, os sistemas variam desde a cirurgia robótica, camas inteligentes e sistemas que unem machine learning ao reconhecimento visual para evitar a queda de pacientes.

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Trabalho conjunto

cirurgia robótica chegou ao país em 2008 e tem ganhado cada vez mais espaço nos hospitais brasileiros. Hoje, estima-se que há cerca de 41 robôs-cirurgiões no Brasil, segundo dados da Strattnner, empresa responsável pela venda dos robôs Da Vinci no país. Diferentemente do que acontece com a IA, eles não são autônomos e nem capazes de auxiliar os médicos a tomar decisões. Ainda assim, podem tornar procedimentos mais precisos e menos invasivos.

O Da Vinci (Da Vinci Surgical System) é um dos principais exemplos nessa área. O aparelho possui quatro braços, que se dividem entre as funções de carregar uma câmera e os equipamentos necessários, como pinças e bisturis. Os braços são controlados à distância pelo cirurgião, que vê o procedimento por uma tela e realiza os movimentos por meio de "joysticks". O equipamento permite uma visão ampliada a área e é capaz de inibir tremores comuns às mãos do ser humano. O tamanho reduzido das pinças também colabora para que o procedimento seja menos invasivo.

Robô Da Vinci XI do Hospital 9 de Julho (Foto: Divulgação)

O resultado disso, segundo especialistas, é uma recuperação mais rápida e menos dolorosa para os pacientes. O procedimento também é apontado como responsável por diminuir a ocorrência de efeitos colaterais após determinadas cirurgias, como as relacionadas ao câncer de próstata. Em 2016, o fato foi colocado em dúvida por um estudo australiano, que indicou que a ocorrência de tais efeitos era semelhante à dos procedimentos comuns. Na época, concluiu-se que ainda seriam necessários mais estudos para encontrar uma resposta definitiva para o tema.

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Localizado em São Paulo, o Hospital 9 de Julho é uma das instituições a adotar a tecnologia. O hospital mantém dois equipamentos desse tipo e, em agosto, investiu US$ 4,5 milhões na aquisição de um novo modelo, chamado de Da Vinci XI. Com a aquisição, o total de investimentos em robôs-cirurgiões chegou a US$ 11 milhões. O hospital já realizou cerca de 3 mil cirurgias robóticas desde que investiu em seu primeiro exemplar, em 2012. Desde setembro, a instituição também utiliza o Robotix Mentor, um simulador para cirurgia robóticas utilizado para treinar os cirurgiões para fazer procedimentos desse tipo. Em conjunto com o Lap Mentor Express, ele também permite o treinamento dos assistentes em conjunto com os médicos.

"A tecnologia é fundamental. Mas sem pessoas capacitadas e que gostam de cuidar de pessoas, ela não chega em lugar nenhum", diz Alfonso Migliore, diretor geral do hospital. Ele diz crer que, conforme passarem a ser mais utilizadas, tecnologias como essa se tornarão mais acessíveis no país.

Simulador de cirurgias robóticas (Foto: Divulgação/H9J)


Olhares a mais

O hospital também lançou, em parceria com a Microsoft Brasil, um sistema inédito que previne a queda de pacientes internados. Por meio de um sensor instalado no quarto, o mecanismo é capaz de identificar situações de risco (como uma perna para fora ou a grade do leito abaixada) em tempo real e por meio do machine learning. Ele então envia um aviso para a equipe de enfermagem, que pode ir até o quarto e intervir em nome da segurança da pessoa. O sistema foi testado por cerca de um ano e hoje é oferecido como um serviço opcional aos pacientes e suas famílias.

Sistema antiqueda do Hospital 9 de Julho (Foto: Reprodução)

Entre os sistemas de cuidados pessoais também está uma espécie de cama "inteligente", que pode ser programada para auxiliar o paciente a trocar de posição na cama com alguma frequência. O movimento evita que sejam desenvolvidos ferimentos pelo tempo prolongado de repouso.

Segundo Migliore, a ideia é que tecnologias como essa colaborem para humanizar o atendimento a pacientes - e não o contrário. "São tecnologias que otimizam trabalhos que eram manuais. Mas o paciente está o tempo todo lidando com pessoas", explica ele.

Nesse sentido, o diretor afirma que os hospitais precisam refletir e planejar o uso da tecnologia para não acabar seguindo o caminho contrário de sua proposta. "Não adianta termos ferramentas que distanciem e desumanizem o atendimento", destaca. "Se elas fizerem isso, precisam ser repensadas".


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Joni Mengaldo

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