Saúde Suplementar: Custo cada vez maior para as empresas

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Correio Braziliense

 

02/10/19 - A indústria brasileira tem vários desafios para superar, diante da atual conjuntura de baixo desenvolvimento e altos preços, quando o assunto é a contratação de planos de saúde suplementar para os seus empregados, na análise de Emmanuel Lacerda, gerente executivo da Unidade de Saúde e Segurança na Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele diz que 11 milhões de vidas são amparadas pelo setor e a tendência, tão logo a economia cresça, é de aumento desse número. No entanto, a agenda de discussão e de debate do contratante (a companhia) desses planos — na maioria, coletivos —, que são eminentemente pagos pelos empresários, é um elemento novo que começa a ter protagonismo.



Apenas 20% dos produtos contratados pelo setor são individuais. E a prática era usar os planos de saúde como estratégia. Antes, todas as modalidades de assistência sempre eram negociadas com os empregados como uma exceção, ou como um benefício para reter talentos, não como um instrumento de gestão em saúde. “As empresas compravam o risco, colocavam na mão de uma operadora ou uma seguradora, pagavam a conta final e conviviam com os reajustes”, destaca Lacerda. Hoje, as empresas têm repensado o seu papel e vêm estreitando seu relacionamento com os parceiros diretos e também incorporando práticas de gestão. Isso, segundo ele, pode resultar em melhor garantia de atendimento à saúde para o beneficiário e também melhor compatibilidade de custo.

Produtividade


A falta de uma efetiva gestão em saúde ou do atendimento suplementar por parte das empresas, no Brasil, acarretou vários prejuízos que poderiam ser evitados, de acordo com Emmanuel Lacerda. “Para cada 100 habitantes, nós perdemos 30 anos da capacidade de vida produtiva. Esse é um atributo que afeta a produtividade no país e das empresas na sua competição”, afirma. Isso porque o trabalhador “afastado” por questões de saúde não apenas causa impactos na indústria, como também vai aumentar o gasto de recursos públicos, já que será atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), e dos próprios planos — que precisam ressarcir o setor público pelo tratamento do seu beneficiário.

“A gestão em saúde traz um novo olhar. Percebeu-se que são duas contas de seguro que a empresa paga: do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e dos planos, para que seja feita a proteção do trabalhador”, afirma Lacerda. Ao final, os impactos negativos, destaca, vão para as empresas, para o governo e para a sociedade. “Para a empresa, porque vai arcar com hora extra do funcionário que fez a substituição ou contratar outra pessoa de fora do quadro. Sofre também com a perda de conhecimento desse profissional que se afastou”, informa. Para o trabalhador, a consequência com o seu afastamento é perda na renda familiar — em caso de sua remuneração mensal ser superior ao valor pago pelo INSS.

Lacerda cita ainda as falhas no sistema de saúde suplementar: os chamados incentivos aos desperdícios, que também prejudicam toda a cadeia. É a forma como o sistema de saúde paga os fornecedores: por volume (de consultas, exames, entre outros) e não com base em uma rede de proteção e prevenção. “A gente precisa pensar em conjunto: empresas, operadoras e Agência Nacional de Saúde (ANS), que terá de analisar se deve estender, ou não, o seu braço regulatório nesses itens. Mas o fato é que os 9% de desperdício no sistema são incompatíveis com qualquer empresa que compete”, resume.

Lacerda lembra, também, o impacto da tecnologia — novos exames e tratamentos, mais sofisticados para os beneficiários. “As empresas ainda estão engatinhando nesse particular”, diz.

 

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