por Filipe Serrano
Exame
10/10/19 - Com uma história de 133 anos no setor de instrumentos e equipamentos médicos, a Johnson & Johnson Medical Devices — uma das divisões da americana Johnson & Johnson — é uma líder mundial no setor, com faturamento anual de 27 bilhões de dólares. À frente da divisão está a executiva Ashley McEvoy, que assumiu a presidência global há um ano e meio. Numa visita recente ao Brasil, ela falou a EXAME sobre as transformações tecnológicas na área médica, que viu o surgimento de robôs capazes de realizar cirurgias. “Nos próximos dez ou 15 anos, as cirurgias se tornarão mais inteligentes”, diz Ashley.
Em que direção o setor de equipamentos médicos, no qual a empresa atua, está caminhando?
Ashley McEvoy: Obviamente, a cirurgia robótica é um avanço que vai mudar os padrões de tratamento no mundo. E nós acabamos de dar as boas-vindas na Johnson & Johnson a uma empresa chamada Auris, que foi fundada pelo doutor Fred Moll, um dos pioneiros nessa área. Ele é um dos fundadores da Intuitive Surgical [a mais bem-sucedida fabricante de robôs-cirurgiões]. E também temos um programa com a startup Verily Life Sciences, junto com o Google, para desenvolver salas de cirurgia conectadas.
Que tipo de mudança isso traz?
Ashley McEvoy: Permite realizar tratamentos diferentes, em que as operações terão sistemas de navegação para partes do corpo com anatomias complexas, em tempo real, e um pós-operatório melhor. Nos próximos dez ou 15 anos, as cirurgias se tornarão mais inteligentes.
Quão importante é o setor de cirurgias robóticas para o avanço da medicina?
Ashley McEvoy: As cirurgias serão muito menos invasivas. E haverá uma melhor recuperação dos pacientes, com um menor custo. Um exemplo é o tratamento de fibrilação atrial, uma espécie de arritmia cardíaca. O procedimento costumava levar 8 horas. Agora estamos realizando em apenas 2 horas.
Como fazer com que as novas técnicas se tornem acessíveis?
Ashley McEvoy: A indústria de saúde, infelizmente, é uma das mais fragmentadas e ineficientes. Acho que temos de otimizar os custos e otimizar a experiência do paciente para que ele tenha melhores resultados. Temos muitos casos, mesmo no Brasil, de hospitais que estão trabalhando para padronizar os procedimentos e se livrar das ineficiências, fazendo uma melhor gestão de inventário, do fluxo da sala de operação e reduzindo readmissões de pacientes. Os resultados já mostram uma melhora.
A empresa planeja investir em novas áreas no país?
Ashley McEvoy: Dois anos atrás, fizemos um grande investimento para inaugurar um centro de distribuição em Guarulhos, que se tornou uma área de negócio multifacetada. Ele atende não só o Brasil, mas outros 29 países. E 70% dos produtos são exportados.
Como vê o Brasil na estratégia da J&J Medical Devices?
Ashley McEvoy: O Brasil é um de nossos dez maiores mercados no mundo. Mas acredito que podemos chegar a muito mais pacientes que ainda precisam ser atendidos aqui. Temos de descobrir maneiras de alcançá-los e dar a eles acesso a um tratamento correto.
Como é possível expandir o acesso?
Ashley McEvoy: É preciso ter mais médicos habilitados para realizar os tratamentos. E estamos fazendo isso há décadas, oferecendo treinamento. O segundo passo é tornar os equipamentos mais flexíveis para que possam ser levados de um lugar a outro, independentemente de onde os pacientes e os médicos estiverem.
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