Imagem: EuropaCorp/Divulgação
O cérebro humano é, sem dúvidas, um dos órgãos mais impressionantes e complexos do corpo e que ainda gera muitas dúvidas para a ciência responder. Uma das máximas mais famosas que ouvimos frequentemente por aí, por exemplo, é a de que os seres humanos usam apenas 10% de toda a sua capacidade cerebral.
A ideia já apareceu até nos cinemas. O filme Lucy (2014), protagonizado por Scarlett Johansson, acompanha uma mulher que, após um acidente envolvendo uma droga sintética, começa a usar 100% do cérebro e desenvolve habilidades com o poder do pensamento, como controlar a velocidade do tempo.
É claro que a produção rendeu muitos questionamentos, com muita gente querendo descobrir o mundo de possibilidades nas profundezas do nosso próprio cérebro. A realidade, no entanto, não é tão cinematográfica assim.
Por mais decepcionante que possa parecer, o ser humano usa, sim, 100% do cérebro (Foto: Getty Images)
Só 10% do cérebro?
A afirmação de que os seres humanos usam apenas 10% do cérebro é um mito. A verdade é que o cérebro é o órgão mais importante do corpo, funcionando o tempo todo (até quando não estamos realizando tarefas cognitivas intensas, como no sono, por exemplo) e é responsável por regular funções vitais para a sobrevivência, como a respiração, os batimentos cardíacos e mais.
Em exames de neuroimagem, como na ressonância magnética, é possível identificar exatamente as partes do cérebro que são ativadas quando uma pessoa faz ou pensa em alguma coisa. E acredite, absolutamente todas as ações da rotina (desde as mais básicas até as complexas) dependem de atividades cerebrais.
Cada região do cérebro desempenha um papel importante em funções como no movimento, processamento sensorial, na memória, linguagem, emoções e, claro, na tomada de decisões.
Vale ressaltar, porém, que usar 100% do cérebro não significa, necessariamente, utilizar 100% das capacidades cerebrais a todo momento. Isso porque, para executar tarefas, dependemos não só da atividade neuronal, mas também dos níveis atencionais.
Mas calma, é possível "treinar" o cérebro para aumentar a sua eficiência. Algumas atividades podem ajudar a melhorar as nossas habilidades cognitivas de atenção, memória, comunicação e criatividade. Quebra-cabeças e jogos da memória, por exemplo, são bons exercícios para aumentar a plasticidade cerebral e garantir um funcionamento mais eficiente do órgão.
Cada região do cérebro desempenha um papel importante para o funcionamento do corpo (Foto: GettyImages)
Origens
Então, de onde nasceu a crença de que usamos apenas uma décima parte do nosso cérebro? Bom, não há uma única origem precisa sobre a criação deste mito, mas podemos considerar algumas hipóteses.
Em 1908, o filósofo Willian James publicou o clássico estudo The Enemies of Men, em que explicava o conceito de "energia de reserva". Na teoria, segundo ele, o ser humano usava apenas uma fração do potencial cerebral – ele nunca especificou a porcentagem.
Alguns anos depois, em 1936, o escritor norte-americano Dale Carnegie lançou o popular livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, em que reforçou a teoria de James. No prólogo da obra, escrito pelo jornalista Lowell Thomas, ele diz que apenas 10% do cérebro é utilizado, o que, segundo ele, nos impossibilita de sermos mais inteligentes, criativos e bem-sucedidos.
Atualmente, porém, a informação já foi contestada e descartada pela ciência.
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