Startup chinesa de US$ 6 bi quer ser Amazon da saúde

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Assim que você é diagnosticado como diabético, anúncios de tratamentos são exibidos nas redes sociais. Você recebe alertas sobre suplementos de saúde, talvez dicas de nutrição. Avisos sobre apólices de seguro aparecem em seu telefone.

Não se trata de uma cena de “Minority Report”. É uma manifestação da montanha de dados aproveitados pela WeDoctor, uma das empresas on-line de saúde mais bem avaliadas da China, em uma ambiciosa tentativa de revolucionar os negócios de cuidados pessoais. Os anúncios podem não ser evidentes – talvez estejam escondidos em um texto sobre doenças crônicas -, mas o alvo é estranhamente preciso: você.

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Financiada pela Tencent Holdings, a WeDoctor se une a um crescente contingente de gigantes da tecnologia que pretendem revolucionar um setor aparentemente imune às mudanças provocadas pela internet. Enquanto empresas como Google tentam desvendar os segredos da imortalidade e mistérios da Medicina, a WeDoctor se concentra em algo mais pragmático: ganhar dinheiro desentupindo gargalos no mercado de saúde chinês, que deve atingir 8 trilhões de yuans (US$ 1,2 trilhão) até 2020.

Fundada pelo especialista em inteligência artificial Jerry Liao Jieyuan em 2010, a ambição da WeDoctor é nada menos que ser uma Amazon dos cuidados com a saúde. A companhia, que antigamente era uma startup problemática que ajudava as pessoas a marcar consulta com médicos, se transformou em uma empresa avaliada em US$ 5,5 bilhões que administra consultas de acompanhamento pela internet, prescrições de medicamentos e clínicas reais com equipes de médicos.

A companhia está desenvolvendo inteligência artificial para analisar dados, ajudando a detectar doenças como câncer do colo do útero. Também vende um alto-falante doméstico de US$ 600 parecido com o Echo, da Amazon, que pode ser vinculado a aparelhos de fitness e funciona como uma linha direta com médicos.

“A inteligência artificial não substituirá os médicos, mas se tornará uma ferramenta importante para os médicos e ajudará a melhorar a eficiência e a precisão deles”, disse Liao, que também ajudou a fundar a iFlytek, especialista em reconhecimento de fala, em uma resposta por escrito a perguntas. “Através da internet e da inteligência artificial, os serviços de saúde da China melhorarão significativamente nos próximos cinco a dez anos.”

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A WeDoctor já avançou muito desde a época em que Liao começou a viajar pelo país tentando convencer hospitais a se conectarem. Formalmente conhecida como We Doctor Holdings, a empresa com sede em Hangzhou conseguiu neste ano uma das maiores arrecadações de fundos entre as startups de saúde, assegurando US$ 500 milhões de investidores como a seguradora AIA Group, a incorporadora imobiliária New World Development e a Shanghai Fosun Pharmaceutical Group.

A base do negócio é a liberdade para coletar e usar dados de pacientes em uma escala sem igual em boa parte do resto do mundo, particularmente à medida que os órgãos reguladores se tornam cada vez mais cautelosos com a influência dos gigantes da tecnologia. A China ainda não estabeleceu leis para proteger as informações pessoais, mas está construindo perfis de saúde sobre sua população de 1,3 bilhão de cidadãos – algo inédito em termos de escala.

A WeDoctor não dissimula sua capacidade de coletar dados. Os usuários na China estão acostumados com a vigilância e com que suas informações sejam compartilhadas com o governo, e os vazamentos de informações – quando divulgados – raramente causam repercussões. Jeff Chen, um ex-banqueiro do HSBC que agora lidera a estratégia para a empresa, fala abertamente sobre como o acesso irrestrito a dados médicos possibilita estabelecer perfis de usuários e criar poderosas ferramentas de marketing para grandes empresas farmacêuticas e seguradoras.

“Uma das razões pelas quais achamos que a WeDoctor pode se tornar um grande negócio na China é a grande demanda por assistência médica melhor e mais prática”, disse Gilbert Ho, diretor sênior da NWS Holdings, uma unidade da Novo Mundo. “A WeDoctor também tem a vantagem de entender os usuários com sua tecnologia e big data.”

Fonte: Info Exame

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