Resistência antimicrobiana é considerada um dos mais graves problemas de saúde pública da atualidade (Foto: Alissa Eckert/CDC) - Getty Images (fotos)
Bactérias e fungos resistentes são uma realidade cada vez mais preocupante — e um problema com perspectivas apocalípticas se a humanidade não agir agora
Por Lucas Rocha (texto), Estúdio Coral (design) | Saúde Abril
Há quase um século, o mundo se viu diante de uma das principais descobertas da medicina, a penicilina, que seria o primeiro antibiótico da história. O avanço abriu caminho a uma era de combate a infecções — e ao sonho de acabar de vez com a festa de bactérias e companhia.
O que não se esperava é que esses micro-organismos também se armariam para contra-atacar. E essa reação se tornou uma nova e silenciosa batalha global: a resistência antimicrobiana.
Amarga ilusão a do ser humano que pensa dominar o planeta. Nossa espécie divide espaço com tantas outras, inclusive as microscópicas. A relação pode ser amigável, neutra… ou bélica. No fundo, todo mundo só quer sobreviver — e perpetuar a família. Nessa convivência com “os outros”, ora atacamos, ora somos atacados. E, a depender da ação que tomamos (e de sua escala), pode apostar que haverá reação. E das grandes.
Talvez nada ilustre isso tão bem quanto as infecções. Bactérias, fungos, vírus e outros parasitas podem viver com a gente em relativa paz, mas basta algo desandar para a coisa ficar feia. Eles se transformam em patógenos, criaturas invisíveis capazes de plantar doenças, evoluir ao longo do tempo (inclusive em resposta ao que a gente faz)… E desenvolver resistência ao que os cientistas bolaram para controlá-los, os medicamentos antimicrobianos. Aí, o bicho pega!
“Quando falamos de resistência, falamos de micro-organismos que sofrem uma pressão seletiva, a partir de mudanças climáticas, uso de remédios ou aplicação de produtos químicos na agricultura”, expõe Nísia Trindade, ministra da Saúde. Ação e reação. Um dos fatores de pressão mais preocupantes é justamente o emprego abusivo de armas como antibióticos. “Com a pandemia de Covid-19, houve um aumento excessivo no uso dessas medicações, o que piorou a situação”, afirma Nísia a VEJA SAÚDE.
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