Tabaco pode seguir passos das bebidas e apostar na maconha

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Por Kristine Owram

(Bloomberg) -- Começou a corrida das grandes empresas para entrar no setor de maconha.

As empresas farmacêuticas, de tabaco e de produtos embalados provavelmente entrarão no florescente setor de maconha logo após as incursões iniciais das empresas de bebidas alcoólicas, como Constellation Brands, Molson Coors Brewing e Heineken, segundo especialistas do setor.

"Empresas que eu não imaginaria que estivessem interessadas nesse espaço estão analisando-o ativamente agora", disse Brendan Kennedy, CEO da empresa de maconha Tilray, com sede em Vancouver, que tem uma parceria com uma divisão da gigante farmacêutica suíça Novartis para desenvolver produtos medicinais de cannabis.

A Constellation, fabricante da cerveja Corona e do vinho Robert Mondavi, anunciou nesta quarta-feira um investimento de US$ 3,8 bilhões na Canopy Growth, aumentando sua participação na companhia canadense de cerca de 10 por cento para 38 por cento. Esse acordo, o maior do espaço até o momento, aumenta a legitimidade de um setor que está se tornando rapidamente um produto de consumo aceito, o que oferece novos mercados para empresas globais.


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Legalização
A onda de legalização gerou uma série de riscos e recompensas potenciais para outras indústrias. As bebidas alcoólicas, que já sofrem com o declínio do consumo entre os jovens, têm observado uma queda nas vendas nos mercados onde a maconha foi legalizada. As vendas de bebidas alcoólicas caíram 15 por cento após a aprovação das leis sobre o uso medicinal da maconha em vários estados dos EUA, de acordo com um estudo da Universidade de Connecticut e da Universidade do Estado da Geórgia.

Os gastos do consumidor com maconha chegarão a US$ 32 bilhões até 2022, o triplo dos níveis atuais, de acordo com um relatório divulgado nesta semana pela BDS Analytics, uma empresa de pesquisa sobre cannabis, e pela Arcview Market Research, o que abalará várias categorias de consumo, incluindo o tabaco.

"Há cada vez mais evidências de que as pessoas estão usando cannabis nos mercados legalizados para reduzir o consumo de tabaco, e investiga-se se o canabidiol pode ser usado como uma forma de cessar o consumo de tabaco", disse Shane MacGuill, chefe de pesquisa sobre tabaco da Euromonitor International.


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Hesitação

"Isso terá um grande efeito na indústria do tabaco e, a longo prazo, pode até provocar um efeito maior no tabaco do que no álcool, embora talvez de maneira mais indireta", disse MacGuill.

Ao contrário da indústria de bebidas alcoólicas, as empresas de tabaco até agora ficaram longe da cannabis. A Alliance One International, de Morrisville, Carolina do Norte, uma comerciante de folhas de tabaco, adquiriu uma participação de 75 por cento na Island Garden, com sede na Ilha do Príncipe Eduardo, e a Imperial Brands, com sede em Londres, tem uma participação não revelada na Oxford Cannabinoid Technologies.

Mas a indústria do tabaco não pode ignorar a maconha para sempre, disse MacGuill, da Euromonitor.

"Se você parar para pensar, o que a indústria do tabaco fornece a seus consumidores são esses momentos de prazer, momentos de relaxamento", disse ele. "Acho que, a longo prazo, a empresa de tabaco será mais um fornecedor de substâncias prazerosas do que um fornecedor de tabaco e nicotina."


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