Trabalho da UFMG está em fase de negociação com duas indústrias farmacêuticas
Um teste rápido de farmácia poderá, nos próximos anos, detectar precocemente rastros que doenças, como infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVX) isquêmico, pré-eclâmpsia, hipertrofia cardíaca e esquizofrenia, deixam, usando uma pequena amostra de sangue, antes mesmo de elas virem a aparecer.
O estudo, que vem sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) há seis anos, está em fase de negociação com duas indústrias farmacêuticas e de elaboração do protótipo, que será parecido com os testes de gravidez, cujo resultado aparece em poucos minutos.
Apesar de provocarem altos índices de mortalidade ou incapacidade, estas eram doenças que até então não poderiam ser diagnosticadas na fase inicial por exames laboratoriais, como os de sangue; ou dependiam de métodos caros, como tomografia e ressonância, para serem identificadas, como afirma o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e coordenador da pesquisa, Rodrigo Ribeiro Resende.
De amostras de soro e plasma de cerca de 300 pacientes hospitalizados, os pesquisadores extraíram materiais para as análises que deram origem a esses biomarcadores, ou seja, identificadores de rastros que as doenças deixam no sangue.
“Normalmente essas substâncias não estão no sangue, mas podem ser identificadas de acordo com o tempo. Ou seja, se a pessoa teve um AVC, até uma hora ela tem um tipo de marcador, em quatro horas já são outros diferentes e, da mesma forma, com três dias ou quatro meses. Desse modo, que é possível conseguir uma perspectiva de tudo o que aconteceu com aquele paciente num período de quatro a seis meses e, em alguns casos, até conseguir prever se no prazo de um ano a pessoa pode ter determinada doença”, explica Resende.
Após as análises, os pesquisadores identificaram 20 dessas moléculas e traçaram painéis diferentes para cada uma delas. Para o acidente vascular cerebral isquêmico, por exemplo, foram traçados três painéis de biomarcadores, que possibilitam diagnosticar o paciente na fase hiperaguda, acompanhá-lo na progressão da doença e monitorar o tratamento. Um painel também foi traçado para diagnosticar o infarto agudo do miocárdio, nas primeiras horas após sua ocorrência.
Previsão
O professor da UFMG estima que, dependendo de como as conversas com as indústrias farmacêuticas prosseguirem, o exame poderá chegar ao mercado nos próximos 4 a 6 anos.
Exame poderá prever risco de pessoa ter AVC
Segundo o professor do ICB e coordenador da pesquisa, Rodrigo Ribeiro Resende, após avaliar que pessoas em torno de 40 a 50 anos estão tendo uma incidência muito maior de infarto e AVC do que há 30 anos – provavelmente por acusa do estresse e do estilo de vida sedentário –, os cientistas descobriram que esses indivíduos tinham determinados biomarcadores. “Dessa forma já podemos falar para o paciente que, ou ele muda o estilo de vida dele, ou muito provavelmente terá um AVC dentro do prazo de um ano”, afirma.
Fonte: O Tempo Online
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