Chega ao mercado o exame que promete entregar em minutos resultados sobre condições como as taxas de colesterol ou de vitamina D. Porém, a novidade é recebida com cautela por especialistas
Cilene Pereira
Revista IstoÉ
Uma das marcas da medicina do futuro será a rapidez de respostas. Por essa razão, observa-se desde já a expansão da oferta de testes laboratoriais cujo diferencial tem sido a entrega de resultados em tempo cada vez mais curto. No Brasil, a última novidade nesta linha foi o lançamento do Hilab, um sistema por meio do qual, segundo os fabricantes, é possível ir da coleta de amostras a um laudo em minutos, com paciente e médico checando os dados para decidirem a conduta ali mesmo, na hora.
O Hilab propõe-se a analisar amostras de sangue, saliva, fezes e urina e fornecer dados sobre condições diversas, entre elas glicemia, colesterol, vitamina D, HIV, zika e até marcadores tumorais e de infarto. Primeiro, a amostra, que varia de acordo com o que se pretende medir, é colocada dentro de cápsulas, em seguida inseridas no aparelho. Ela é processada por reagentes e as informações obtidas são transmitidas via internet para uma central, em Curitiba. Lá, passam pela análise de especialistas, que emitem o laudo. O documento é finalmente enviado ao médico. O resultado chega em vinte minutos. “O sistema muda a experiência do usuário em relação aos exames”, diz Marcus Figueredo, CEO da Hi Techonologies, empresa criadora do aparelho.
Se soa atraente aos olhos de quem busca rapidez e praticidade nos diagnósticos, a novidade ainda não convenceu parte dos especialistas. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica – entidade que representa os profissionais que lidam diariamente com exames laboratoriais – posicionou-se de forma cautelosa. “Não temos informações suficientes que nos assegurem a acurácia do teste”, afirma o médico Alex Galoro, presidente da organização.
A moderação faz sentido, especialmente porque erros em resultados não são raros, e isso nos testes tradicionais, de uso já consolidado. Não há números sobre o problema no Brasil, mas não é difícil encontrar pessoas que passaram pela experiência de receber dados equivocados. “Todo exame traz uma dose de incerteza no resultado que será maior ou menor a depender do método usado”, diz Galoro. O médico está em busca de mais dados sobre o Hilab. A Hi Technologies, por sua vez, diz que se coloca à disposição para detalhar o funcionamento de seu sistema e provar sua eficácia.
INFORMAÇÃO NA NUVEM
Como é feito o exame
1. Amostras de sangue, urina, fezes ou saliva são recolhidas no consultório ou hospital e colocadas em cápsulas
2. Elas contêm reagentes específicos para o teste a ser realizado. As cápsulas são inseridas no aparelho
3. Um sensor analisa os dados e os envia, pela internet, a uma equipe de especialistas lotada em Curitiba
4. O laudo é emitido e transmitido para o médico onde ele estiver
5. O resultado chega em até 20 minutos
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