Por Jéssica Maes
Hypescience
Remédios para emagrecer existem às centenas, com diferentes graus de eficácia e quase sempre com graves riscos e efeitos colaterais. Pela primeira vez cientistas relataram evidências clínicas de um medicamento para perda de peso que não ocasiona problemas cardíacos. O otimismo é justificável e podemos estar diante de um novo patamar de segurança no combate à epidemia de obesidade.
As descobertas foram detalhadas em um artigo no The New England Journal of Medicine e apontam que a droga lorcaserina – vendida nos Estados Unidos sob o nome comercial Belviq – não ocasionou um aumento de riscos cardíacos em um estudo clínico com 12 mil pacientes. No entanto, a droga também não propulsionou uma redução de problemas no coração, sugerindo que a perda de peso por si só não é suficiente para tratamento de problemas cardíacos tais como pressão arterial, frequência cardíaca e glicemia.
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">O medicamento não é novo no mercado, sendo comercializado desde 2013 nos EUA com o custo médio de US$220-290 por mês. No entanto, estudos de longo prazo sobre sua eficácia e segurança ainda não haviam sido realizados. “Pacientes e seus médicos sempre relutaram em usar medicamentos para tratar a obesidade, e por um bom motivo. Há um longo histórico de sérias complicações devido ao uso dessas drogas”, afirmou ao jornal “Boston Globe” a pesquisadora líder do estudo, Erin Bohula, do Hospital Brigham and Women, em Boston.
O estudo e resultados
Para garantir que a lorcaserina não apresentava os mesmos riscos que drogas similares, Bohula e sua equipe realizaram um estudo clínico com 12 mil pacientes com sobrepeso ou obesidade, com idade média de 64 anos, que receberam duas doses ao dia do medicamento ou um placebo.
Após um período de pouco mais de três anos, os pacientes que tomaram a lorcaserina perderam uma média de quatro quilos, praticamente o dobro que os pacientes que receberam o placebo. Ainda que os resultados sejam modestos no que se refere ao emagrecimento, o maior trunfo está na segurança e sustentabilidade referente a doenças do coração. A quantidade de pacientes com problemas cardíacos no período foi praticamente o mesmo em ambos os grupos: 6,1% do grupo que tomou lorcaserina e 6,2% do grupo placebo. Tam Fry, do Fórum Nacional de Obesidade do Reino Unido, disse ao “The Guardian”que a droga é potencialmente o “santo graal” para perda de peso.
É importante ressaltar que ainda que o remédio não ocasione efeitos adversos no coração, outros efeitos colaterais foram relatados pelos pacientes participantes: tontura, fadiga, dor de cabeça, náusea e diarreia.
Outros especialistas ainda sugerem que mais testes são necessários antes de comprovar a segurança e eficácia da lorcaserina. Medicamentos similares para perda de peso no passado tiveram um início promissor, mas logo enfrentaram contratempos. O rimonabanto era seguro do ponto de vista cardiovascular, mas foi retirado de vários mercados no mundo em 2008, incluindo na Europa, devido a sérios efeitos colaterais neuropsiquiátricos (e nunca foi aprovado nos EUA).
A responsável pelo estudo, no entanto, mantém seu otimismo cauteloso. “Acho que essas são descobertas importantes e podemos agora dizer com confiança que a [lorcaserina] é segura em termos de riscos cardiovasculares maiores. Acredito que mais médicos e pacientes estarão inclinados a usar este agente farmacológico daqui em diante”, declarou Bohula ao portal TCTMD. [Science Alert, Tcdmd, Boston Globe, Guardian]
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