De fato, quando questionados sobre um ambiente de trabalho em casa 71% do total dos entrevistados afirmam terem encontrado um espaço organizado de trabalho em casa. Em países como Estados Unidos, Austrália, Suíça e Brasil a média chega a 80%.
A fim de aprofundar os efeitos do modelo híbrido, vale lembrar que uma outra pesquisa do LinkedIn detalha os motivos daqueles que preferem trabalhar em casa: evitar o transporte diário para chegar aos escritórios (45%), ter uma vida profissional mais balanceada (45%), ser mais produtivo(a) (33%), manter a saúde mental em dia (31%) e facilitar o cuidado com os filhos, já que não há a necessidade de estar presencialmente 100% do tempo (20%). Essa pesquisa foi feita no Brasil com 1.000 pessoas e divulgada nesta quinta-feira (16).
Desafios
Embora a experiência seja positiva para muitos profissionais, o trabalho híbrido traz alguns desafios:
Outro ponto muito discutido diante do avanço da pandemia ao redor do mundo foi o equilíbrio emocional dos profissionais. A síndrome de burnout ganhou ainda mais espaço. Com as pessoas trabalhando de casa, houve uma dificuldade em organizar a rotina para manter a produtividade, o que levou a mais horas de trabalho.
De acordo com o estudo houve um aumento de 14% na jornada de trabalho desde o início da pandemia e com isso 63% dos entrevistados afirmam que trabalharam mais de 40 horas por semana nos últimos 12 meses.
Do total de entrevistados, 33% dizem que sentiram uma piora na saúde emocional nos últimos 12 meses. No Brasil, a média é bem maior: 43% dos entrevistados afirmaram isso.
Cerca de 40% dos entrevistado admitem se preocuparam com a síndrome de burnout diante do ritmo de trabalho.
“Em casa, é difícil controlar o horário, ter controle de disponibilidade, e há a sensação de que precisamos ficar online o tempo todo. Uma coisa é a vantagem da flexibilidade de trabalhar em casa, e outra é a gestão do tempo e da rotina ao ficar em casa. Há um desafio em organizar as tarefas, mesmo para quem gosta de trabalhar de casa”, diz Vicente.
Mesmo um ano e meio desde o início da pandemia, não há um ultimato para aqueles que ainda estão tentando se adaptar, segundo ele. “Sempre é tempo de se organizar e gerir melhor o tempo, priorizando algumas tarefas e separando um tempo para si mesmo”, diz.
Segundo ele, as empresas vão ter um papel importante no auxílio do equilíbrio trabalho-vida. “Coisas como estabelecer horários para reuniões, dias de folga, benefícios de bem-estar e limites para responder mensagens, por exemplo, são coisas que as empresas podem incorporar como cultura para ajudar as pessoas a se organizarem”, acrescenta o executivo.
Gerentes, líderes e executivos enfrentaram uma curva de aprendizado acentuada no ano passado em relação à gestão de times com novas formas de o trabalho e as expectativas em relação à performance diante da crise.
Segundo o estudo, uma lacuna de habilidades sociais foi descoberta diante dos desafios da gestão. A liderança, desenvolvimento e aprimoramento de performance precisaram ser conectados com uma gestão da inteligência emocional como nunca antes.
“Em um momento em que estamos constantemente conectados, os trabalhadores nunca sentiram mais desconectados. Líderes precisam ter a chave para reconectar os funcionários e reinventar a cultura da empresa. No entanto, há uma grande desconexão entre visões de gestão e as opiniões de funcionários. A motivação, senso de equipe e a cultura regrediram desde 2020, o que pode ser uma ameaça ao sucesso para alguns negócios”, diz o estudo.
Globalmente, as relações entre a equipe e seus os líderes pioraram, com menos da metade dos não gerentes (45%) sentindo que seu relacionamento é bom, 17 pontos percentuais (p.p.) abaixo do que o observado em 2020. E apenas um terço (33%) dos funcionários que não têm cargos de gestão sentem que estão recebendo o devido reconhecimento por suas contribuições dentro da empresa.
A maioria dos trabalhadores (74%) afirma que é importante que os gerentes promovam a cultura da equipe. Porém, do grupo e entrevistados que não têm cargos de gestão, apenas 37% sentem que seus líderes estão conseguindo encorajar um bom trabalho, um ambiente engajado e uma cultura colaborativa.
Além disso, embora a motivação dos profissionais esteja em nível alto, apresentou uma diminuição de 13 p.p. em relação à 2020: cerca de dois terços (64%) dos entrevistados em todo o mundo se dizem motivados.
Ainda, vale lembrar que no Brasil não existe uma legislação sobre o trabalho híbrido, por enquanto. As empresas estão se ajustando em termos de contrato e pagamentos entre o modelo de trabalho remoto 100% e o modelo presencial — ambos previstos na CLT.
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