Estabelecimentos se tornarão um elo cada vez mais importante do sistema de saúde também, a partir da integração gradual dos dados de pacientes
Abrafarma, Media Lab Estadão
As farmácias estão protagonizando uma “revolução silenciosa” na saúde brasileira desde 2014, quando se tornaram aptas a oferecer uma série de novos serviços de assistência e acompanhamento de pacientes. O ponto de partida desse processo foi a aprovação da Lei Federal 13.021, que elevou o status das farmácias de meras “entregadoras de medicamentos” ao de verdadeiras portas de entrada do sistema de saúde, com papel fundamental a desempenhar na prevenção de doenças e no apoio aos tratamentos médicos.
Os novos serviços incluem exames em pacientes crônicos (hipertensão, diabetes, colesterol), controle de peso e combate ao tabagismo. Já estão sendo oferecidos em 2.964 farmácias de todo o País filiadas à Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que desenvolveu um rol de procedimentos e padrões para os estabelecimentos interessados em aderir à novidade. “Começamos com 500 farmácias no primeiro ano e desde então o número de adesões vem crescendo a cada mês”, lembra o CEO da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto.
O maior trunfo para diversificar os tipos de atendimentos – e, com isso, contribuir cada vez mais para desafogar hospitais, postos de saúde, clínicas e consultórios – é a grande capilaridade no País e a proximidade com a população. As 25 redes filiadas à Abrafarma, responsáveis por 44% das vendas do setor no Brasil, emitem 900 milhões de cupons fiscais por ano. É como se toda a população brasileira passasse quatro vezes por ano por esses estabelecimentos.
Desde que a lei foi aprovada, o número de farmacêuticos trabalhando nas farmácias afiliadas à Abrafarma saltou de 15 mil para 26 mil, graças em grande parte às novas possibilidades de atendimento. Para preparar adequadamente essa força de trabalho, a associação tem investido num amplo programa de capacitação, com cursos presenciais e online que já contemplaram quase 40% dos profissionais atuantes nos 7.800 estabelecimentos afiliados.
Controle e prevenção
“Qualquer pessoa que vai a uma farmácia é uma beneficiária em potencial dos novos serviços, pois estamos falando não apenas de controle de doenças, mas também de prevenção”, observa o coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica Avançada da Abrafarma, Cassyano Correr. Além de testes rápidos de diversos tipos, pode-se também realizar nas farmácias checkups para iniciar atividade física numa academia, por exemplo.
A meta da Abrafarma é divulgar amplamente as novas possibilidades de atendimento – o que está sendo feito, em grande parte, diretamente no boca a boca dos balcões das farmácias. Sempre é bom lembrar, ressalta Correr, que os serviços prestados pelos farmacêuticos não substituem de forma alguma o atendimento médico. “Farmacêutico não faz diagnóstico – se um teste em farmácia detecta um valor alterado, o paciente deve ser encaminhado ao médico. Da mesma forma, remédios tarjados só podem ser receitados por médicos”, ele observa.
Projeta-se que as farmácias se tornarão um elo cada vez mais importante do sistema de saúde também por conta da tecnologia, a partir da integração gradual dos dados referentes a um paciente, o que proporcionará maior eficácia dos atendimentos, aproveitamento dos recursos e redução de gastos. “Estamos entrando numa fase de grande conexão entre saúde e tecnologia, e as farmácias certamente vão participar ativamente desse processo”, diz Mena Barreto.
Esses e outros assuntos relevantes para o setor serão discutidos na Abrafarma Future Trends, maior e mais importante congresso do setor farmacêutico no país, que acontece nos dias 3 e 4 de setembro, com participação de 4.300 pessoas, no Transamerica Expocenter, em São Paulo.
Comentários