Correio Braziliense
Jornalista: Indefinido
08/12/19 - Quem passa por um transplante relata uma melhora imediata na qualidade de vida. O procedimento, porém, não é considerado uma cura, mas um tratamento. Entre as várias recomendações para os transplantados, além do uso de imunosupressores para toda a vida para evitar a rejeição do novo órgão, estão as atividades físicas. E foi na prática de esportes que transplantados encontraram uma forma de estimular a doação de órgãos.
Há 35 anos são realizados o Mundial dos Transplantados, a cada dois anos em um país diferente. Este este ano, porém, a Associação Brasileira dos Transplantados (ABTx) conseguiu apoio da prefeitura de Curitiba (PR) para realizar a primeira edição dos Jogos Brasileiros para Transplantados, que aconteceram de 21 a 24 de novembro com 61 participantes que disputaram nas modalidades natação, tênis, atletismo e corrida de rua.
“Essa é uma competição em que todos já chegam vencedores. O esporte é um catalisador para divulgar a causa para a doação de órgãos. São pessoas do mundo todo que se reúnem para celebrar a vida, uma segunda chance recebida por alguém que deixou a vida”, diz o empresário Rodrigo Dalla Bonna Swinka, organizador dos jogos brasileiros e que, há 21 anos, passou por um transplante de rim, órgão que recebeu de sua mãe. Segundo ele, os organizadores do mundial afirmam que as doações aumentam nas cidades que sediam os jogos”.
A ideia da ABTx é tentar trazer o mundial, que envolve mais de duas mil pessoas e 70 países, para o Brasil. “Tem um impacto muito forte na mídia, o que ajuda a debater o tema, mas, primeiro, queremos evoluir os jogos no Brasil, trazer uma edição latino-americana e, depois, pensar em trazer o mundial”, diz. Segundo ele, a prefeitura de Curitiba já se comprometeu a realizar a segunda edição em 2021.
De acordo com Swinka, nos últimos anos, vários brasileiros têm participado do mundial e dos jogos latino-americanos. É o caso do engenheiro Haroldo Castro, 53 anos, que, aos 19, recebeu um rim de sua irmã, depois de nove meses de hemodiálise. “É um tratamento agressivo. Eu convivi com pessoas que perderam a vida enquanto esperavam pelo órgão. Tenho oito irmãos e todos se dispuseram a me doar, então, não precisei entrar na fila”, conta.
Castro tornou-se um habitué das competições jogando tênis. Ele foi o primeiro brasileiro a participar do mundial em 1999 e já estive em seis competições. “Fui chamando outros brasileiros e este ano, em agosto, em Newcastrle, na Ingalterra, éramos 17 transplantados brasileiros participando dos jogos”, conta. “A gente passa a ver a vida de uma maneira diferente. Alguns chegam bem perto da morte. Os valores mudam. A gente se aborrece menos por coisas menores”, relata.
Efeito Gugu
Swink acredita que decisão da família de doar os orgãos do apresentador Gugu Liberato, que morreu após uma queda em sua casa em Orlando, nos Estados Unidos, em 22 de novembro, resulte no aumento das doações. “Ele era uma pessoa muito popular e isso deve ter uma influência”, afirma. (CD)
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