Poucas áreas de negócios cresceram tanto nos últimos anos, e conquistaram uma legião tão grande de adeptos, quanto a de produtos naturais. A onda do saudável e do orgânico chegou a todas as atividades econômicas, transformando por completo hábitos de consumo e obrigando as empresas a se adaptarem aos novos tempos.
No setor de alimentos, as pessoas estão preferindo itens frescos, feitos em casa ou sob encomenda, do que comida industrial processada. Não à toa, gigantes como McDonald’s e Burger King têm incluído no cardápio alimentos que seguem essa tendência. No segmento de bebidas, o cenário é parecido. Os refrigerantes têm sofrido cada vez mais rejeição, e sucos naturais e até água representam uma ameaça importante. Entre as cervejas, as marcas artesanais agora têm feito o papel do saudável e do novo, com o argumento de que usam menos produtos químicos na produção das bebidas.
Até as fabricantes de bens de consumo entraram na onda. A Unilever, maior empresa desse ramo no mundo, acaba de comprar a The Laundress, uma marca de produtos de limpeza feitos com insumos naturais, em mais um movimento de uma gigante global em direção a produtos saudáveis e ecologicamente amigáveis.
Desta vez, a aquisição também coloca a companhia no mercado “premium” de produtos de limpeza. Fundada por ex-executivas da Chanel e da Ralph Lauren, duas das grifes de luxo mais tradicionais do mundo, a The Laundress conta com uma butique no Soho, em Nova York, que mais se assemelha a uma loja de cosméticos: o endereço é perfumado e elegante, e os vendedores foram treinados para explicar em detalhes os atributos de cada produto.
Com embalagens de design “clean”, a The Laundress também tem canal digital: vende principalmente pelo e-commerce e conta, inclusive, com um serviço de assinatura mensal dos produtos.
O faturamento ainda é pequeno se comparado às receitas das gigantes do setor de limpeza: são cerca de US$ 12 milhões por ano, segundo estimativas feitas pelo mercado. A boa notícia é que a empresa vem crescendo a taxas de dois dígitos desde 2010. O valor que a Unilever pagou pela The Laundress, porém, não foi revelado.
“Com seu crescimento acelerado nos Estados Unidos e na China, principalmente entre a geração millennial, a The Laundress é um forte complemento ao nosso portfólio de marcas líderes de limpeza”, afirmou por meio de comunicado o executivo Kees Kruythoff, presidente do negócio de home care da Unilever.
Fundada em 2004 por Gwen Whiting e Lindsey Boy, duas veteranas do setor de moda, a The Laundress nasceu oferecendo apenas um produto: o Wool and Cashmere Shampoo, usado para a limpeza de lãs e cashmere.
Com a boa aceitação do mercado, a empresa resolveu seguir adiante. Atualmente, conta com um extenso portfólio de 85 itens, que vão desde o detergente — o carro-chefe e principal gerador de receitas da empresa — até um spray para tecidos. Na loja física, os produtos são separados de acordo com o tecido a que se destinam, da lã e cashmere ao jeans, passando por roupas de bebê, um diferencial que, segundo afirma a empresa, não é encontrado em nenhuma outra concorrente.
De acordo com a Unilever, a marca continuará sendo administrada pelas fundadoras como um negócio independente. Lindsey, a atual CEO e principal responsável por fazer a empresa deslanchar nos últimos anos, seguirá no comando da marca.
O esforço da Unilever para balancear seu portfólio não vem de hoje e não está restrito ao setor de limpeza. Nos últimos anos, a companhia tem feito diversas aquisições de marcas de produtos sustentáveis e naturais. Há cerca de seis meses, comprou a italiana Equilibra, especializada no setor de higiene e beleza. No final de 2017, foi a vez da brasileira Mãe Terra, que produz alimentos saudáveis.
Fonte: Correio Braziliense
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