Uso de medicamentos para a saúde mental cresce no Brasil; especialistas alertam sobre cuidados - Towfiqu barbhuiya/Unsplash
A venda de antidepressivos e estabilizadores de humor cresce a cada ano no Brasil. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a venda desses medicamentos cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021.
Segundo reportagem de João Dall’ara, do Jornal da USP, a população brasileira recorre de forma progressiva aos fármacos em situações relacionadas à saúde mental. De acordo com um levantamento divulgado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países mais depressivos e ansiosos do mundo. Cerca de 5,8% da população sofre com a depressão e 9,3% possui problemas com ansiedade. Esses dados podem explicar o “sucesso” de ansiolíticos, antidepressivos e sedativos nos últimos anos.
“Esses medicamentos, de uma forma geral, alteram o que nós chamamos de mediadores químicos, que são substâncias produzidas pelo organismo, responsáveis pelos estágios de humor como, por exemplo, a dopamina e a serotonina”, explica Wellington Barros da Silva, professor da área de Epidemiologia da Universidade Federal de Sergipe e consultor do CFF.
Por agirem diretamente no sistema nervoso, os antidepressivos e ansiolíticos devem ser utilizados com cuidado e o acompanhamento médico é fundamental para entender e controlar os efeitos desses fármacos.
A pandemia ocasionada pelo vírus da covid-19 também foi um fator considerável para o aumento da comercialização desses medicamentos. De 2019 para 2020, o crescimento foi de 17% e, de 2020 para 2021, foi de 12%. O período de isolamento social e a incerteza sobre o coronavírus deixaram marcas na sociedade.
“É um indício de que a pandemia de fato afetou a saúde mental das pessoas, provavelmente em função de algumas questões, como o confinamento a que nós fomos obrigados a ficar e a própria situação de ansiedade que é provocada por uma doença da qual não se tinha conhecimento nem nada”, indica Silva.
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