Valor Econômico
Jornalista: Ana Paula Machado
17/04/20 - O uso indiscriminado da hidroxicloroquina pode causar efeitos adversos graves.
Médicos e farmacêuticos advertem que o nível de toxicidade do medicamento é alto e, mesmo os pacientes que o usam para os tratamentos já permitidos, são monitorados frequentemente para garantir sua segurança. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclarece que esse remédio tem registrou para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.
Entre os efeitos adversos do uso indiscriminado estão arritmia cardíaca e perda de visão. Roberto Amazonas, diretor médico e científico da farmacêutica EMS, disse que a administração desse medicamento no tratamento da covid-19 deve ser feita em ambiente hospitalar, sob a supervisão médica.
“Um dos efeitos é a hipoglicemia, e o paciente no âmbito hospitalar tem constantemente verificado o índice de glicemia. Não recomendamos o uso indiscriminado dessa droga, até porque não há estudos que comprovem a eficácia na profilaxia. Estamos fazendo pesquisas em pacientes internados. É importante que se diga que os médicos são os únicos profissionais habilitados a prescreverem o uso há uma hora Empresas adequado da medicação, seguindo os protocolos de medicina e direcionando o produto a quem mais precisa no momento”, diz.
A Anvisa publicou, no mês passado, uma nota técnica em que adverte para o uso da hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento do novo coronavírus. “Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus. E a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”, informou a agência.
A farmacêutica e gerente de pesquisa e desenvolvimento da rede de farmácias de manipulação, Fórmula, Fernanda Magalhães Borges, ressalta que o medicamento pode ser somente prescrito pelo médico e a receita é, inclusive, retida na farmácia. “É um remédio muito controlado. Além das reações mais graves, pode causar dor de cabeça, náusea, diarreia, problemas nos rins, fraqueza muscular e urticárias. Por isso, a necessidade de um monitoramento médico para a reavaliar uso da droga”, afirmou.
Os fabricantes também ressaltam que o uso da hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento da covid-19 ainda está em estudos e a decisão de aplicar o medicamento deve ser feita somente pelo médico e em ambiente hospitalar.
EMS e Sanofi informam que a produção de ambas segue normal e que garantem o suprimento para os pacientes que fazem o uso e para os estudos contra o novo coronavírus. “Houve procura maior por esse medicamento por parte dos hospitais e com isso ocorreu um aumento da demanda pela droga. Mas, não temos evidência científica para o tratamento da covid-19. Por isso, estamos apoiando a pesquisa na busca por melhores dados”, disse Amazonas, da EMS.
A francesa, que fabrica o medicamento na unidade de Suzano (SP), comercializa o remédio com o nome Plaquinol. Segundo a farmacêutica, a capacidade de produção local atende à demanda de fornecimento para pacientes tratados sob as atuais indicações registradas na Anvisa.
“Até o momento, a Sanofi no Brasil mantém sua produção de hidroxicloroquina para atender os pacientes crônicos de doenças para as quais o medicamento está aprovado e indicado. A Sanofi está monitorando continuamente a cadeia de suprimentos para atender a todas as necessidades dos pacientes e do sistema de saúde. No momento, não prevemos desabastecimento resultante da atual pandemia de Covid-19 para os pacientes crônicos em tratamentos aprovados”, informou em comunicado.
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