USP de São Carlos cria tratamento contra o câncer mais eficiente com ipê, ouro e nanotecnologia
Técnica desenvolvida na USP de São Carlos usa nanotecnologia e luz infravermelha para combater células cancerosas — Foto: Wilson Aiello/EPTV
Com elementos da natureza e de tecnologia de ponta cientistas do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma técnica mais eficaz para o tratamento do câncer. Usando extratos retirados do ipê combinados com partículas de ouro e empregando a nanotecnologia como meio transporte, eles conseguiram chegar às células do tumor de forma mais precisa e com menos efeitos colaterais.
O estudo levou quatro anos e foi publicado em uma revista científica internacional. A próxima fase da pesquisa é ampliar os testes em animais e, mais tarde, começar os testes clínicos em humanos.
Nanocápsulas
As nanocápsulas desenvolvidas pelos pesquisadores são feitas com células cancerosas e mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo.
"Quando você fabrica a partícula com a própria membrana da célula, você consegue manter essas partículas circulando um tempo maior dentro do corpo humano", explica o pesquisador IFSC/USP Valtencir Zucolotto.
As cápsulas são carregadas com partículas de ouro e um quimioterápico natural derivado do ipê e quando chegam às células cancerosas são ativadas por raios infravermelhos, se rompem e liberam o medicamento diretamente no tumor.
Além disso, o calor da luz esquenta as partículas que matam as células doentes.
"A irradiação de luz vai promover o aquecimento dos bastões de ouro que foram entregues dentro da célula cancerosa e esse aquecimento vai induzir morte celular e também liberar o quimioterápico que estava na membrana só no tumor", explica Zucolotto.
Menos danos
Pesquisadores do IFSC/USP em São Carlos desenvolveram técnica mais eficiente de quimioterapia usando nanotecnologia — Foto: Wilson Aiello/EPTV
A principal vantagem da técnica é que ela afeta menos células saudáveis do que outros tipos de quimioterapia, o que pode diminuir os efeitos colaterais do tratamento.
O experimento está em fase de testes em animais, que está sendo feito na Unicamp. Os cientistas injetaram a quimioterapia ativada pela luz em ratos com câncer de bexiga e os resultados preliminares são positivos.
“Nós observamos uma redução nos tumores, principalmente, quando irradiamos a luz. A nossa expectativa é desenvolver materiais e que a gente consiga matar apenas a célula tumoral, com alta eficiência e que essa terapia tenha a menor contraindicação ou efeitos colaterais possíveis para o paciente”, afirmou a pesquisadora do IFSC/USP, Juliana Cancino.
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