As dificuldades enfrentadas pela comunidade científica para o desenvolvimento de pesquisas no Brasil pode ser constatada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma das instituições de ponta do setor no país, com a falta de recursos para a produção da vacina que elimina o mosquito Aedes aegypti. Com a eliminação do inseto vetor de doenças como febre amarela, dengue, zika e chicungunha, o governo poderia controlar a disseminação dessas enfermidades que, somente neste ano, já causaram a morte de centenas de pessoas.
Desenvolvida nos laboratórios da UFMG com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz, Instituto Butantan e Universidade de Ouro Preto (Ufop), a revolucionária vacina está ameaçada de não vingar por falta de financiamento, problema que vem ocorrendo em praticamente todos os centros de pesquisa do país, conforme vem sendo denunciado pela comunidade científica. Se recursos forem alocados para a continuidade dos estudos em andamento na UFMG, dentro de cinco anos, o Brasil e outras nações terão à disposição uma arma letal contra o transmissor de doenças tão devastadoras.
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A vacina é única no mundo, e o ser humano, ao ser imunizado, torna-se tóxico ao mosquito, matando ou prejudicando o ciclo reprodutivo do inseto. O mais importante é que ela poderá ser incorporada ao calendário nacional de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS), além de ser exportada para regiões endêmicas de todo o planeta. Isso acarretará benefícios incalculáveis para a saúde pública e para os cofres da União, dos estados e dos municípios — as campanhas de imunização terão abrangência bem menor, com a consequente economia de recursos públicos. Combater o transmissor é muito mais eficaz e econômico do que vacinar a população contra cada uma das doenças que ele dissemina.
O estudo para a produção do imunizante que mata o Aedes aegypti é em parte financiado por uma parceria entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Ministério da Saúde. As próximas etapas da pesquisa são testes com macacos e, depois, com humanos, que é a parte mais cara. No entanto, a falta de verbas pode comprometer todo o esforço da equipe científica que há oito anos trabalha no desenvolvimento da vacina. As condições técnicas existem, mas falta dinheiro.
A solução para o problema pode ser a participação da iniciativa privada mediante o aporte de recursos. A questão é que, historicamente, o setor privado é refratário a investir em pesquisa, notadamente na área de saúde. Não avalia corretamente que, no futuro, poderá ter ganhos com as descobertas científicas patenteadas. O que os pesquisadores da UFMG e parceiros esperam é que empresários se interessem pelo projeto, não só visando ao lucro, mas também contribuindo para o controle de doenças letais.
Fonte: Correio Braziliense
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