Jornalista: Stella Fontes
29/10/19 - Uma das maiores farmacêuticas do mundo, a americana Pfizer promoveu nos últimos anos uma profunda reestruturação de seus negócios, que não deixou intocada a área de recursos humanos. A partir da matriz, em Nova York, a companhia decidiu colocar o foco e investir pesado em preparar a organização para a nova estratégia empresarial. E o RH desempenhou papel essencial para garantir o engajamento dos profissionais apesar de todas as dúvidas e incertezas inerentes aos momentos de transformação.
Esses esforços se cristalizaram em 2019 com a presença do laboratório novamente em destaque no ranking de Valor Carreira, depois de quatro anos.“A Pfizer vive um momento de transformação cultural muito importante”, diz Sheila Ceglio, diretora de recursos humanos para América Latina.
A ambição, conta a executiva, é seguir galgando posições mais altas, sem retroceder em conquistas já consolidados. Um dos temas que têm sido tratados de maneira recorrente, a diversidade, é das frentes de atuação. O objetivo é refletir em seus quadros o universo dos pacientes que quer tocar-tendo em vista todo o espectro: de gênero, de orientação sexual, de patologias específicas, entre outros.
Em 2009, por exemplo, não havia mulheres no alto comando da farmacêutica no Brasil. Hoje, 52% do time de liderança sênior é formado por elas. “Antes, era necessário ter uma posição afirmativa. Hoje, isso não é preciso, mas a gente monitora”, observa Sheila. No que diz respeito à opção sexual, o processo foi mais natural, uma vez que lideranças “muito sêniores” já declararam a sua opção, preparando o caminho para os demais.
De acordo com a executiva, £ primeira área da Pfizer a passar pelo processo de transformação, antes de chegar ao ponto atual, foi a de recursos humanos, com uma nova estrutura e um nove conceito de atuação. Diante do novo momento do negócio, a política de RH foi revista, mantendo o pilar histórico de que o diferencial da companhia é alcançado por meio de pessoas - pipeline de projetos, portfólio e tecnologia também são relevantes, mas são mais acessíveis a qualquer empresa. “Depois veio a mudança de negócio, e foi a primeira vez que isso aconteceu na Pfizer, porque se sabia que a mudança mais importante era a cultural”, explica.
Com isso, o RH passou efetivamente a desempenhar um papel de parceiro de negócio, com assento nas discussões mais estratégicas da companhia. Há 15 anos na Pfizer e há pouco com ando da diretoria de RH Latina, Sheila conta que, hoje, una das coisas que mais a orgulham é saber que está conectada às discussões centrais do negócio.
O principal ponto da política de RH atual é a aposta, de fato, na liderança engajada. Os líderes de área são também “heads” de RH, previamente identificados e preparados para atuar de forma mais autônoma.
O programa de identificação e fomento de talentos prossegue, apesar dos desafios de custos que pairam sobre todas as empresas, e tem| alcançado os resultados esperados. A tecnologia é importante aliada nesse campo e, neste momento, o que mais desafia a área é a transformação digital. Na Pfizer, o grande patrocinador desse debate tem sido justamente o RH.
“Hoje, o que mais nos desafia é mudar a mentalidade da organização para ter o balanço adequado entre o que é digital e o que é relacionamento humano”, conta Sheila. Do digital, a companhia quer tudo aquilo que possa contribuir para aprimorar as relações humanas nessa ordem. Diante cia percepção de que o digital ajuda o humano e de que a complexidade das organizações está nas pessoas, a meta é investir nessa relação.
“As causas ganham mais força quando se usa o capital humano para divulgar Q digital. As pesquisas mostram que o digital ajuda a atingir mais gente, mas nas relações a humanização é o segredo”, afirma a executiva. O sucesso em campanhas como o Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, ajuda a confirmar que a farmacêutica está na direção certa.
A Pfizer investe no digital para liberar o tempo das pessoas para que possam se dedicar mais a pensar, explica Sheila. A filosofia, segundo ela, é simplificar para crescer. Menos reuniões improdutivas e menos e-mails redundantes para responder, por exemplo, viraram meta dentro da organização. O volumoso número de comitês, que não gerava resultados proporcionalmente volumosos, levou a farmacêutica a eliminá-los. “A tecnologia nos ajudou a simplificar”, afirma.
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