Folha de S.Paulo
Fonte: Agência Reuters
21/01/20 - Um vírus desconhecido cujo primeiro caso foi detectado na cidade de Wuhan tem se espalhado por outras áreas da China e chegou até a Coreia do Sul, informaram autoridades dos dois países nesta segunda (20), dia em que foi anunciada a quarta morte relacionada à doença.
A comissão de saúde de Daxing, em Pequim, confirmou dois casos de coronavírus, enquanto a comissão de saúde da província de Guangdong, no sul, detectou um em Shenzhen. Esses são os primeiros pacientes na China atingidos fora da cidade de Wuhan, onde o vírus foi detectado pela primeira vez, no início de janeiro.
O vírus, uma nova cepa de coronavírus, tem causado alarme devido sua similaridade com outro, que provocou a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que matou cerca de 650 pessoas na China continental e em Hong Kong em 2002 e 2003. Os sintomas incluem febre e dificuldade em respirar.
A Comissão Municipal de Saúde de Wuhan disse que 136 novos casos de pneumonia causada pela cepa de coronavírus foram detectados na cidade no fim de semana, somando-se aos 62 casos já conhecidos. No sábado (18) e no domingo (19), foram registradas a terceira e a quarta mortes pela doença. A vítima do domingo era um homem de 89 anos de Wuhan.
A estatística eleva o número de casos em todo o mundo para mais de 200, impondo um desafio para as autoridades de saúde que buscam conter o surto. A Coreia do Sul divulgou nesta segunda a primeira confirmação de coronavírus no país, uma chinesa de 35 anos que viajou de Wuhan. Ela foi a quarta paciente a ser notificada fora da China.
A Comissão Nacional de Saúde da China disse no domingo (19) que intensificará os esforços de prevenção, mas reconheceu que ainda não conhece a fonte do vírus.
Centenas de milhões de turistas chineses viajam dentro do país e para o exterior durante o período do feriado do Ano-Novo chinês, que começa no fim desta semana.
Um relatório de um centro de análise de doenças infecciosas do Imperial College de Londres estimou que, em 12 de janeiro, houve 1.723 casos em Wuhan com o aparecimento de sintomas relacionados. As autoridades de saúde chinesas não comentaram.
Autoridades de todo o mundo, inclusive nos EUA e em países asiáticos, intensificaram a triagem de viajantes de Wuhan. Na semana passada, foram relatados dois casos na Tailândia e um no Japão.
O dirigente chinês Xi Jinping se pronunciou sobre o caso e disse que o país combaterá o vírus de modo firme. “As vidas das pessoas e sua saúde devem ser prioritárias”, afirmou.
O Global Times da China, jornal oficial do regime, disse em editorial que o governo precisa divulgar todas as informações e não repetir os erros cometidos com a SARS. As autoridades chinesas encobriram o surto por semanas antes de um número crescente de mortes e rumores os forçarem a revelar a epidemia.
“A ocultação seria um duro golpe para a credibilidade do governo e poderia desencadear maior pânico social”, disse o editorial.
No sábado, o Ministério da Saúde do Brasil afirmou que não há registros de casos do que chama de “Pneumonia Indeterminada” no país e que monitora a situação. Ainda não há informações suficientes para determinar o risco de surto da doença, segundo a pasta.
A área de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Anvisa e as secretarias de Saúde de estados e municípios foram notificados pelo ministério sobre a questão. Por enquanto, não foram adotadas medidas restritivas.
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