Bayer enfrenta problemas jurídicos nos Estados Unidos devido ao glifosato, considerados provavelmente cancerígenos pela OMS
O grupo químico e farmacêutico Bayer, um dos maiores do mundo no setor, confirmou nesta quarta-feira que vai demitir um grande número de funcionários na Alemanha até o final de 2025, principalmente em cargos de gestão, como parte de uma reestruturação para melhorar os seus resultados. A empresa não revelou quantos empregos serão eliminados, mas garantiu que eles foram acordados entre a administração e os representantes dos trabalhadores. Informou a Reuters.
A medida visa "reduzir hierarquias e estruturas complexas dentro da empresa" e "os cortes de empregos afetarão os funcionários com tarefas de gestão ou coordenação", segundo um comunicado da Bayer, que tem mais de 100 mil funcionários em todo o mundo, 22 mil deles na Alemanha. As entidades alemãs do grupo serão as mais afetadas por esta "redução significativa de pessoal", afirma o texto.
A decisão faz parte do plano anunciado em novembro pelo novo CEO da empresa, Bill Anderson, que pretende reorganizar profundamente o grupo, que enfrenta vários desafios. Um deles é a crise jurídica nos Estados Unidos pela comercialização de herbicidas à base de glifosato, considerados provavelmente cancerígenos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A Bayer herdou esse problema ao comprar a empresa americana Monsanto em 2018, que produz o polêmico produto Roundup.
Desde então, a empresa enfrenta milhares de processos nos Estados Unidos de pessoas que alegam ter desenvolvido câncer por causa do glifosato. A Bayer já perdeu três julgamentos e teve que pagar indenizações milionárias aos demandantes. Embora a empresa recorra dessas decisões e defenda a segurança do glifosato, ela também tenta negociar um acordo global com os demais litigantes, que pode custar bilhões de dólares.
Outro desafio para a Bayer é a falta de novos produtos farmacêuticos que possam substituir os seus medicamentos mais vendidos, como o anticoagulante Xarelto e o tratamento para a cegueira Eylea, que estão perdendo a proteção de patente nos próximos anos. A empresa também enfrenta uma forte concorrência no mercado de medicamentos genéricos e biossimilares, que oferecem produtos mais baratos e similares aos originais.
Esses fatores levaram a Bayer a registrar perdas de 4,6 bilhões de euros (cerca de 5 bilhões de dólares) no terceiro trimestre de 2021, principalmente devido a uma desvalorização de ativos na divisão agroquímica. A empresa também anunciou uma redução nas suas previsões de receita e lucro para este ano e para os próximos.
"A Bayer está atualmente em uma situação difícil por várias razões", disse Heike Prinz, membro do conselho de administração, citado no comunicado. "Estamos convencidos de que as medidas acordadas são necessárias para garantir a competitividade e o futuro da Bayer na Alemanha", acrescentou.
No entanto, as demissões anunciadas pela Bayer geraram críticas dos sindicatos e dos políticos, que consideram que elas prejudicam os direitos dos trabalhadores e a economia do país. Além disso, alguns analistas duvidam que elas sejam suficientes para resolver os problemas estruturais do grupo e sugerem que ele deveria se dividir em duas empresas separadas: uma dedicada à química agrícola e outra à farmacêutica.
A Bayer, por sua vez, afirma que está comprometida com a sua estratégia de ser uma empresa líder nos dois setores e que está investindo em pesquisa e desenvolvimento para criar novas soluções para os desafios globais da saúde e da alimentação. A empresa também diz que está buscando parcerias e alianças com outras empresas e instituições para acelerar a inovação e o crescimento.
A reestruturação da Bayer é um exemplo de como as grandes empresas químicas e farmacêuticas estão se adaptando a um cenário cada vez mais complexo e competitivo, que exige mais eficiência, flexibilidade e responsabilidade social. O futuro da Bayer dependerá da sua capacidade de superar as suas dificuldades atuais e de se posicionar como uma referência em um setor que é vital para o bem-estar da humanidade.
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