Bill Anderson, CEO global da Bayer, anotou a ideia de transformar a gestão da companhia em um guardanapo, após café com um consultor da McKinsey em San Diego, nos EUA
Após ficar desiludido com as muitas aprovações e reuniões intermináveis, o CEO global da empresa alemã está deixando de lado o atual manual de gestão para apostar na autogestão dos funcionários
by Layane Serrano | Exame
Após home office e flexibilidade, a palavra do momento é “autogestão”. Netflix aposta em funcionários mais independentes para tomar decisões por meio da “Teoria Teal” e agora a Bayer apresenta uma nova aposta de cultura neste sentido: ainda este ano a companhia pretende mudar o modelo de gestão de pessoas por menos chefes e menos regras.
A nova estratégia de gestão da Bayer foi anunciada em uma matéria no The Wall Street Journal como uma aposta do atual CEO global, Bill Anderson, que escreveu a ideia em um guardanapo durante um café com um consultor da McKinsey, em San Diego, nos Estados Unidos.
O CEO global decidiu deixar de lado o atual manual de gestão da empresa centenária porque já estava desiludido com as muitas aprovações e reuniões intermináveis, e estava tentando encontrar uma maneira de deixar o seu time mais produtivo, considerando todos os avanços da tecnologia.
Os executivos não passarão mais ordens aos funcionários passando por diferentes gestores, com os chefes explicando “onde exatamente você vai gastar seu tempo e o que exatamente vai fazer”, disse Sebastian Guth, presidente da Bayer nos EUA, ao WSJ. “Em vez disso, você passará um tempo com seus 15 a 20 colegas e basicamente descobrirá tudo.”
Com essa nova cultura, a expectativa é de que funcionários de vários departamentos sejam recrutados para trabalhar em projetos por 90 dias e tenham poder de decisão. Em seguida, os trabalhadores se reagrupam em diferentes configurações para o próximo desafio da companhia.
Além de menos chefes, os líderes que restarem terão mais funcionários no time. Segundo a matéria do WSJ, os gerentes terão até 20 pessoas subordinadas a eles, em vez de cerca de meia dúzia atualmente. Por outro lado, a IA ajudará muitos dos gestores com tarefas rotineiras.
“A Bayer está tentando eliminar uma dor que é comum em muitas grandes empresas, que eram adaptadas a um cenário onde o mercado não era tão dinâmico, os processos não mudavam tão rápido e não tínhamos a IA acelerando atividades de rotina”, afirma Milena Brentan, coach executiva. “É um trabalho brutal de mudança de cultura”.
Case de gestão moderna
Para realizar essa mudança cultural na empresa centenária, Anderson contratou o consultor da McKinsey para implementar o novo sistema. Desde então, já foram recrutados 200 funcionários e consultores que possuem como meta concluir o treinamento até o final do ano.
“Eles estão realizando um trabalho de reorganização da empresa, o que exigirá um trabalho de capacitação que é super importante para que todos possam se adaptar a nova cultura, seja por meio de treinamentos, adoção de novas ferramentas e adoção de IA”, diz Bretan, que reforça alguns pontos de atenção que todo RH deve ter em um momento como este de transformação interna.
“A Bayer por exemplo, vai trazer uma cultura onde os funcionãrios deverão tomar mais decisões, mas muitas pessoas não estão acostumadas com isso, o que exigirá um grande senso crítico das pessoas e de um ambiente que saiba lidar com erros como aprendizagem. Daí surge a responsabilidade de formar funcionários com esta perspectiva”, afirma Bretan que reforça que essa cultura é um prato cheio para a Geração Z.
Com o novo plano, Anderson informou ao WSJ que deve reduzir os custos em 2 bilhões de euros, o equivalente a 2,17 bilhões de dólares, de forma convencional, com uma operação que nos próximos anos deve contar com até 6.000 equipes autodirigidas, uma transformação que poderá se tornar mais um marco empresarial.
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