Fazer exercícios de autoconhecimento pode ajudar a acabar com a insatisfação (Foto: Anna Tarazevich/Pexels)
Nem sempre mudar de emprego é a melhor solução. É preciso fazer um exercício de autoconhecimento para entender quais são seus desejos e prioridades, e do que está disposto a abrir mão para conseguir o que quer
ÉPOCA NEGÓCIOS
O número de funcionários que se dizem insatisfeitos com o trabalho é cada vez maior. “Parece uma epidemia”, disse Sandra Boccia (@sboccia), diretora editorial de Época NEGÓCIOS, durante o boletim Bolsa de Valores, da rádio CBN.
“Hoje você fala com pessoas de diferentes gerações, em posições distintas, e parece que sempre existe um problema: o chefe que não é bacana, os colegas que são fofoqueiros”, diz a diretora. A culpa pela insatisfação parece estar sempre em alguma pessoa, lugar ou circunstância externa. “As pessoas têm uma certa dificuldade de olhar para si mesmas. E daí, se acham que a culpa é da empresa, a decisão natural parece ser ir para outro lugar onde possa ser mais feliz.”
Mas será que esse é mesmo o melhor caminho? E, caso mudar de emprego não seja a solução, como acabar com essa sensação de desconforto? Segundo pesquisadores que estudam os millenials, existe uma relação direta entre o comportamento dessa geração no trabalho e os videogames.
“A geração dos millenials cresceu com os games”, diz a diretora. “E o que o videogame faz? Você termina uma fase e já passa imediatamente para a próxima. Tem uma certa rapidez ali. Você quer matar aquela etapa pra ganhar mais pontos e ser promovido. Com o tempo, isso vira um modelo mental. E esse modelo mental é transferido para a carreira.”
É comum essas pessoas ficarem um determinado tempo numa função e daí, quando acham que já estão prontas, desejarem uma promoção imediatamente. Mas a vida corporativa, afirma Sandra, não é bem assim. “O timing é outro. As circunstâncias podem ser determinadas pelos produtos e serviços que estão sendo vendidos, pela saúde financeira da empresa naquele momento, por razões políticas. Quer dizer, é um jogo também. Você pode estar performando super bem, mas as circunstâncias pedem que você fique um pouquinho mais naquela posição, por exemplo. Ou pode não haver um cargo de liderança disponível naquele momento”, afirma Sandra Boccia.
O funcionário que não consegue realizar seus desejos imediatos pode cair num ciclo contínuo de insatisfação, o que fará com que queira mudar de emprego – muitas vezes, dependendo do caso. Como não cair nessa armadilha? “Um primeiro ponto é pensar no que significa o tempo que você passa em uma empresa. Os pesquisadores dizem que, no momento que deixa o emprego, deve ser capaz de contar a história que construiu ali - uma história com começo, meio e fim. Será que você vai conseguir fazer isso?”
Outro exercício interessante é procurar lembrar qual foi a última vez em que você se sentiu realmente satisfeito. "É possível que perceba que nem sempre aquilo que acha que vai te deixar feliz é igual ao que realmente te traz satisfação. Porque às vezes esses desejos de ser mais rico, de ter uma posição melhor, de ser mais cool, enfim, de ter mais sucesso, não são necessariamente seus”, diz Sandra Boccia.
Ainda nesse exercício de autoconhecimento, a próxima pergunta é: será que você está disposto a aplicar toda a energia e tempo que precisaria para conseguir o que acha que quer? “Você precisa entender quem você realmente é e começar a jogar fora tudo aquilo que não é autêntico. Porque aí vai chegar a uma melhor versão de si mesmo. E, com certeza, a uma vida mais satisfatória.”
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