LinkedIn em um celular. Edward Smith / Getty Images
Embora alguns empregadores reclamem da ética de trabalho da Geração Z quando conseguem o emprego, muitos também podem estar exagerando ou até mentindo em seus pedidos de emprego. A disputa por uma vaga no mercado de trabalho nunca foi tão intensa. Em meio a descrições de vagas exageradas, processos seletivos intermináveis e expectativas cada vez maiores, muitos candidatos sentem que precisam “embelezar” seus currículos para garantir uma oportunidade. Informou a Newsweek.
Uma pesquisa recente da Career.io revelou que 47% dos jovens trabalhadores da Geração Z admitem exagerar ou até mentir em seus pedidos de emprego—bem mais do que as gerações anteriores. Mas por que isso acontece? Será que estamos diante de um comportamento problemático ou apenas de uma resposta natural a um mercado de trabalho cada vez mais exigente?
A pressão sobre os candidatos
Muitos jovens profissionais da Geração Z estão entrando no mercado de trabalho em um cenário de altas exigências e baixa segurança. Recrutadores buscam candidatos “perfeitos”, com experiência relevante mesmo para vagas de nível inicial, o que dificulta para quem está começando sua trajetória profissional.
Nesse contexto, alguns veem como necessário exagerar suas experiências, ajustando responsabilidades passadas ou até mencionando empregos que nunca tiveram. Afinal, competir com candidatos mais experientes pode parecer desleal se não houver formas de destacar suas próprias qualificações.
Mas será que o problema está apenas na Geração Z? O mercado de trabalho também tem suas falhas. Empregadores costumam exagerar nas descrições de vagas, utilizando termos como “ambiente acelerado” para justificar sobrecarga de trabalho ou “cultura familiar” para disfarçar a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Quando os dois lados exageram, cria-se um sistema onde candidatos e empresas acabam se enganando mutuamente. Isso pode resultar em contratações frustradas, funcionários despreparados e empresas insatisfeitas com seus talentos recém-adquiridos.
Dados preocupantes
A pesquisa revelou que 23% dos entrevistados disseram que exageraram suas responsabilidades em um cargo anterior, enquanto 22% afirmaram ter trabalhado em empresas onde, na verdade, nunca estiveram empregados.
Além disso, os números mostram que homens são mais propensos a mentir em suas inscrições para vagas: 33% deles admitiram a prática, contra 21% das mulheres.
Isso levanta um debate importante: até que ponto pequenas adaptações e “hipérboles criativas” são aceitáveis, e quando cruzamos a linha da mentira pura e simples?
Vários especialistas compartilham opiniões divergentes sobre esse cenário. Enquanto alguns acreditam que os jovens estão apenas tentando sobreviver em um ambiente de trabalho desafiador, outros alertam sobre os riscos de mentir na busca por um emprego.
A Geração Z é muitas vezes criticada por sua abordagem ao trabalho, mas será que estamos esperando demais de profissionais que ainda estão começando suas carreiras?
A solução pode estar em um equilíbrio entre transparência e estratégia. Em vez de distorcer experiências, os candidatos podem destacar habilidades transferíveis, demonstrar suas capacidades através de projetos pessoais e buscar formas legítimas de se destacar.
Da mesma forma, as empresas devem repensar seus processos de contratação e avaliar se suas expectativas são realmente condizentes com a realidade do mercado.
Fonte: Newsweek
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