A PORTA ABERTA OU FECHADA?
O Propagandista bem vestido, educado e amável com a secretária e os pacientes, não obstante a seus problemas pessoais, entra no consultório médico.
A visita anterior não aconteceu porque o médico estava atrasado, o trânsito estava infernal naquele dia, a cidade parou, aquele motoboy enfurecido com sua buzina intermitente e impertinente, “ufa” foi por pouco que não arranhou o carro, não importa, lá está ele com a sua mala como se fosse a primeira visita do dia.
Por um pequeno detalhe na frente da mala, quase imperceptível, um simples risco próximo ao logo da empresa lembrando o dia em que a puxou meio desajeitado enroscando numa caixa que inadvertidamente estava no banco de trás do carro, fora isso, as amostras grátis, brindes, materiais científicos e o ipad, todos estavam impecáveis como sempre.
Na cabeça um objetivo, convencer definitivamente o médico a prescrever o seu produto.
Afinal, com todo esse aparato, não se poderia desejar menos.
Bem, parece não ser tarefa das mais fáceis, o mercado oferece dezenas de produtos iguais, de boa qualidade, preço competitivo, embalagem atrativa, nome sugestivo, genéricos e commodities.
Esse é o mercado e se você está no consultório, o marketing, em última análise, já cuidou desses detalhes e cabe a você levar esses diferenciais ao cliente seja ele o médico ou a farmácia.
E agora José?
Segundo vários autores, a busca por um diferencial competitivo, bem como o conceito de marketing moderno, data de meados do século passado, no pós-guerra.
Com o avanço da capacidade produtiva, as indústrias se anteciparam ao mercado passando agora a produzir as mercadorias antes que a demanda ocorresse, precisando portanto, gerar a necessidade no cliente, o tempo em que se produzia após a encomenda, passou.
O aumento das opções de compra colocou o poder de decisão nas mãos do cliente e ele agora precisa ser surpreendido e encantado, pois é o dono da bola, o homem de venda passa a ser desafiado diariamente e a cada visita.
Conhecer o produto, conhecer o setor, conhecer o mercado, conhecer o cliente e os concorrentes são as principais obrigações para se ter o mínimo de competitividade possível e muitos farão isso sem maiores problemas.
Pró-atividade, assertividade, planejamento, foco, resiliência, entre outras palavras passaram a fazer parte do nosso cotidiano ditando-nos o comportamento esperado do profissional de vendas mais próximo do ideal.
O aperfeiçoamento profissional é a palavra de ordem, curso superior, pós-graduação, MBA, informática, o 2º idioma, o 3º idioma, cursos técnicos, enfim, apresente as suas armas, quem dá mais?
Que curso fazer?
Em qual instituição?
Isso demanda mais tempo e mais dinheiro, mas investir em você é preciso!
Mas, e o cliente, o que ele espera de você?
Aonde buscar todos os conhecimentos que podem fazer de você um profissional a altura da empresa que você representa, melhor preparado, ou pelo menos diferente?
Mas esse não é o grande desafio, ser diferente?
Ser sincero e honesto, cumprir o prometido, entregar na data/respeitar prazos e horários, não esquecer que o rapport é fundamental em qualquer processo de comunicação, pois a atenção mútua é condição sine qua non em qualquer relação seja ela comercial ou pessoal.
E quais são as reais necessidades do seu cliente como profissional e como pessoa?
Ele almeja se aperfeiçoar em sua área específica ou pretende diversificar seus conhecimentos, ele tem filhos, quais assuntos mais o atrai além de sua área de atuação?
São perguntas que poderão trazer as mais variadas respostas ou até mais perguntas ainda, mas você precisa estar preparado para a riqueza da resposta e é aí que entra a necessidade de saber ouvir, o ouvido ativo, essa é a hora mais importante, você está conhecendo o seu cliente. Você precisa interagir, dominar alguns assuntos ainda que paralelos aos citados ou com inteligência demonstrar o interesse que você sempre teve nessa área de domínio que ele tem, faça-o falar mais, todos nós gostamos de falar sobre as coisas que fazemos ou sobre os conhecimentos que adquirimos, e não se esqueça, chame-o pelo nome, Dr. Heitor e não apenas Dr.
Num programa de entrevistas que assisti recentemente, o jornalista e apresentador Marcelo Tas disse que a pergunta mais frequente feita por seus seguidores na internet é “o que eu faço pra ser famoso? ‘ Pensei e respondi ‘, disse ele, leia um bom livro, escolha um livro, depois você leia outro, leia outro... você vai pensar melhor, escrever melhor, falar melhor”... Acho que o Tas é uma referência importante porque já apresentou programa infantil, humorístico, entrevista (Veja entrevista com o Tas no Programa do Jô e no Café Filosófico no You Tube) ele possui o ecletismo que um Propagandista/Vendedor precisa para se relacionar com as mais distintas mentes.
Acho que a leitura ainda será por muito tempo uma das principais fontes de mudança de comportamento. Ler vai te fazer questionar seus conceitos, seus medos infundados e suas crenças estabelecidas.
Nunca leia nada se você tiver medo de sair do lugar comum, da zona de conforto e de abandonar o mar psíquico navegado pela grande maioria.
Leia vários autores, contraste opiniões, ler apenas uma opinião pode ser pior do que não ler nenhuma.
“Procuro sempre, procuro sempre e minha procura ficará sendo a minha palavra”(A palavra mágica/1977 – Carlos Drummond de Andrade).
É isso!
Ah, a porta?
Deixe-a como encontrou.
Abraço a todos/Julião Oliveira
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