Imagem: Phelps Health
Anvisa aprova medicamento Mounjaro para obesidade
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, nesta segunda-feira (9), o uso do medicamento Mounjaro para o tratamento da obesidade no Brasil, marcando um avanço significativo na luta contra uma das maiores crises de saúde pública da atualidade. Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida, substância originalmente indicada para o tratamento de diabetes tipo 2, mas que demonstrou resultados impressionantes na redução de peso corporal.
A decisão da Anvisa, publicada no Diário Oficial da União, permite que o medicamento seja prescrito a pessoas com sobrepeso que apresentem pelo menos uma comorbidade associada, como pré-diabetes, hipertensão ou dislipidemia. Embora o remédio já estivesse disponível nas farmácias desde maio, sua liberação oficial para o combate à obesidade representa um passo importante na oferta de opções terapêuticas seguras e eficazes para a população.
Um problema global com raízes locais
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas no mundo convivem com a obesidade — uma condição associada a riscos aumentados de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, certos tipos de câncer, entre outros agravos. No Brasil, de acordo com a pesquisa Vigitel, cerca de 24,3% dos adultos são considerados obesos — um número que tem crescido de forma alarmante nas últimas décadas.
Nesse cenário, a aprovação de novas tecnologias farmacológicas pode ser decisiva. O Mounjaro atua mimetizando hormônios gastrointestinais que regulam a saciedade e os níveis de insulina, o que contribui para a redução do apetite e maior controle glicêmico. Estudos clínicos indicam que pacientes em uso da tirzepatida podem perder até 20% do peso corporal, quando associada a um plano alimentar e acompanhamento médico.
Riscos da automedicação e impactos sociais
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam: o uso do Mounjaro deve ser feito somente com prescrição médica. Como todo medicamento que atua no metabolismo, ele pode causar efeitos colaterais e interações medicamentosas perigosas. A automedicação — prática ainda comum no Brasil — representa um risco à saúde e pode gerar consequências graves se ignorada.
Por outro lado, a regularização e acesso controlado ao Mounjaro pode também ajudar a conter o mercado paralelo de medicamentos, reduzindo o contrabando e a venda ilegal de substâncias semelhantes, muitas vezes sem procedência ou controle de qualidade.
Um novo capítulo na abordagem da obesidade
A decisão da Anvisa reflete uma mudança mais ampla na maneira como a obesidade é tratada: não mais como um simples problema de força de vontade individual, mas como uma condição médica multifatorial, que requer uma abordagem integrada envolvendo medicamentos, acompanhamento nutricional, apoio psicológico e mudanças de estilo de vida.
Ao reconhecer isso, o Brasil dá um passo importante rumo a políticas de saúde mais inclusivas, baseadas na ciência e voltadas para o bem-estar da população.
Comentários