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A Food and Drug Administration (FDA), a agência federal de regulamentação de produtos dos Estados Unidos, tem enfrentado um dilema com seu programa de aprovação acelerada para medicamentos contra o câncer. Este programa, criado para responder rapidamente às necessidades urgentes de tratamento, especialmente durante a crise do HIV/AIDS nos anos 80 e 90, tem como objetivo disponibilizar terapias promissoras mais rapidamente para os pacientes. No entanto, um relatório recente do Brigham and Women’s Hospital, publicado no Journal of the American Medical Association, levanta preocupações significativas sobre a eficácia desses medicamentos após a aprovação.

O estudo revelou que 40% das terapias contra o câncer aprovadas através deste método não conseguiram comprovar sua eficácia em ensaios clínicos subsequentes. Entre os medicamentos aprovados entre 2013 e 2017, 19 dos 46 (41%) não prolongaram a vida dos pacientes nem melhoraram sua qualidade de vida. Além disso, 57% dos medicamentos não comprovaram benefícios cinco anos após a aprovação, considerando aqueles que não apresentaram resultados de ensaios clínicos ou foram descontinuados. Informou o Olhar Digital. 

O programa de aprovação acelerada da FDA utiliza indicadores substitutos, como o tempo em que a doença demora para piorar, em vez de avaliar diretamente a eficácia dos medicamentos. Após a aprovação, os fabricantes devem realizar ensaios clínicos para comprovar a eficácia dos medicamentos. Se não comprovada, os medicamentos podem ser descontinuados. 

A intenção por trás da aprovação acelerada é nobre, pois visa trazer esperança e soluções rápidas para pacientes em situações críticas. No entanto, a realidade dos resultados clínicos levanta questões sobre a sustentabilidade e a responsabilidade deste processo. A eficácia dos medicamentos é um pilar fundamental no tratamento do câncer, e a falta de evidências concretas após a aprovação acelerada pode levar a falsas esperanças e potencialmente a tratamentos ineficazes.

A discussão sobre a aprovação acelerada de medicamentos contra o câncer é complexa e multifacetada. Por um lado, há a necessidade urgente de novas terapias para combater doenças graves e salvar vidas. Por outro lado, a segurança e a eficácia a longo prazo dessas terapias não podem ser comprometidas. O equilíbrio entre acesso rápido e garantia de benefícios clínicos reais é um desafio contínuo para a FDA e para o campo da oncologia como um todo.

O relatório do Brigham and Women’s Hospital serve como um lembrete crítico de que a aprovação acelerada deve ser acompanhada de rigorosos ensaios clínicos pós-aprovação e de uma avaliação contínua dos benefícios clínicos dos medicamentos. A transparência e a responsabilidade são essenciais para manter a confiança do público e garantir que os pacientes recebam tratamentos que ofereçam verdadeiros avanços na luta contra o câncer.

 

Remédios ineficazes são utilizados devido à aprovação acelerada

Embora alguns remédios ineficazes sejam retirados rapidamente pela FDA, as empresas demoram muito para provar a eficácia dos medicamentos após a aprovação acelerada. Isso significa que os tratamentos podem estar disponíveis por anos antes que se saiba se realmente ajudam os pacientes.

A maioria dos especialistas da área são contra esse processo de aprovação da FDA, especialmente após casos como o do aducanumab, uma droga destinada para o tratamento do Alzheimer, que não mostrou benefícios claros e agora será retirada de circulação cerca de três anos após sua aprovação pelo programa.

Reformas legislativas foram aprovadas em 2022 pelo governo dos Estados Unidos para tentar resolver esse problema, exigindo que as desenvolvedoras iniciem ensaios de confirmação antes da aprovação e relatem seu progresso duas vezes por ano à agência.
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