por Stella Fontes e Ana Paula Machado
Valor Econômico
26/09/19 - A Aspen Pharma Brasil concluiu a compra da linha de Magnésia Bisurada da Pfizer.
O laboratório de origem sul-africana, e que completa 10 anos de Brasil, assumirá a segunda posição no ranking de vendas de antiácidos no país com esse medicamento. Ele passa a Hypera, dona do Estomazil. A primeira em vendas é a GSK, com o Sonrisal.
O valor do negócio não foi informado, mas considerando que tradicionalmente se avalia uma linha duas ou três vezes as vendas do medicamento para fechar um preço, estima-se que a Aspen tenha gastado de R$ 60 milhões a R$ 90 milhões na aquisição. A Magnésia Bisurada tem receita em vendas de R$ 30 milhões.
O presidente da Aspen Pharma Brasil, Alexandre França, disse, ao Valor que o negócio foi concluído na semana passada, somente depois da companhia, em conjunto com a Pfizer, ter entrado na Justiça de São Paulo contra o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a aprovação da compra. Segundo França, o processo estava desde junho no órgão e não era apreciado por falta de conselheiros.
“Entramos com uma medida cautelar há 40 dias e conseguimos a aprovação automática do Cade para o negócio. Agora vamos começar a traçar a estratégia para essa nova linha.” França ressaltou que é a primeira negociação realizada com recursos do caixa da filial brasileira. “Em 2019 completamos 10 anos de atuação no país, e, dentro da nossa estratégia de comprar linha de medicamentos maduros, estamos ampliando nosso portfólio no país”, afirmou.
Das 80 linhas de medicamentos comercializadas no país, todas foram adquiridas ao longo desses 10 anos de operação. “Foram compradas de laboratórios no Brasil ou no exterior. Não queremos ser reconhecidos como descobridores de medicamentos. Não temos estrutura para investirmos cerca de US$ 1 bilhão no desenvolvimento de uma molécula e ao final não ter o efeito esperado”, disse França.
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Segundo o executivo, nesses 10 anos de operação a Aspen comprou, pelo menos, uma linha de medicamento por ano. “Fazemos o negócio e conseguimos focar nossos esforços de venda nessas linhas. Para se ter uma ideia, quando compramos o Leite de Magnésia Phillips, as vendas desse medicamento saltaram de 300 mil unidades por mês para 550 mil mensais. Isso em quatro anos. ”
No caso da Magnésia Bisurada, França adiantou que a expectativa é, já no primeiro ano de operação, aumentar em 10% a receita com a linha de medicamento. “A nossa meta é posicionar essa linha entre as quatro mais importantes de nosso portfólio. Acreditamos que ela é complementar ao Leite de Magnésia Phillips, por isso, não haverá concentração de mercado”, afirmou França.
Segundo ele, em no máximo um ano e meio, a companhia deverá iniciar a produção dessa linha em sua fábrica em Serra (ES). Para isso, o laboratório irá investir R$ 50 milhões nos próximos três anos. “Hoje, temos uma capacidade instalada para fabricar 20 milhões de comprimidos por mês e devemos aumentar em 30% com os investimentos.”
França esclareceu que para iniciar a produção de um medicamento maduro é necessário testes e posterior aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Com isso, ou se compra, além do medicamento, toda a linha de fabricação, ou se investe em equipamentos. “Para a Magnésia Bisurada vamos abrir uma nova linha de fabricação.”
A fábrica, conforme França, poderá atender a América Latina em até cinco anos.
“Estamos investindo para essa unidade se transformar em uma base de exportação para os países vizinhos. Esse agora será o meu trabalho junto aos meus pares na Argentina e no México. Queremos que a fábrica se torne realmente uma unidade de negócios da companhia no Brasil.”
No ano fiscal terminado em junho de 2019, a Aspen apresentou receita de US$ 100 milhões no Brasil, alta de 17%. No mundo, a companhia faturou US$ 3,5 bilhões. “A nossa meta para este ano [fiscal] é crescer pelo menos 10%.”
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