AstraZeneca planeja investir US$ 3,5 bi para ampliar participação nos EUA |Fachada da fábrica da AstraZeneca em Macclesfield, no Reino Unido. (Foto: Discovery Centre with AstraZeneca signage | David Porter)
A AstraZeneca está reafirmando seu compromisso com o mercado norte-americano, planejando investir US$ 3,5 bilhões até o final de 2026 em pesquisa e desenvolvimento e em infraestrutura de fabricação.
Este movimento estratégico surge em meio a um ambiente de negócios promissor nos Estados Unidos, onde a demanda por medicamentos inovadores da empresa continua a crescer. A companhia elevou sua previsão anual, impulsionada pela forte demanda por seus medicamentos de sucesso contra o câncer. Informou a Bloomberg.
Segundo a empresa, o investimento inclui a instalação de P&D anunciada anteriormente em Cambridge, Massachusetts, bem como uma instalação de produtos biológicos em Maryland. Isso também abrange o desenvolvimento de terapias celulares nas costas oeste e leste, além da fabricação de especialidades no Texas. Esta iniciativa é parte do esforço da AstraZeneca para aumentar sua presença nos EUA, que agora gera o dobro da receita em comparação com a Europa, tornando-se a maior fonte de vendas da companhia em qualquer região.
O CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, destacou que a empresa elevou sua previsão anual devido à forte demanda por seus medicamentos de sucesso contra o câncer. O lucro por ação, excluindo alguns itens, deve aumentar 10%, um crescimento superior ao anteriormente previsto. O principal impulsionador desse crescimento foi o medicamento Tagrisso, que teve um desempenho de vendas excepcional, juntamente com o Enhertu, um medicamento inovador contra o câncer de mama, que superou as expectativas de vendas.
Embora a AstraZeneca tenha obtido resultados sólidos nos EUA, a situação na China está criando desafios. Recentemente, autoridades chinesas iniciaram uma investigação sobre a suposta importação ilegal de medicamentos contra o câncer via Hong Kong. Essa situação levou à detenção do presidente da AstraZeneca na China, Leon Wang, e à investigação de outros executivos seniores. A empresa declarou que está cooperando plenamente com as autoridades chinesas e leva a questão muito a sério.
Durante o terceiro trimestre, a China gerou cerca de US$ 1,7 bilhão em vendas para a AstraZeneca, representando um aumento de 15% em uma taxa de câmbio constante. No entanto, esse foi o crescimento mais fraco entre todas as regiões da empresa. Em comparação, as vendas na Europa aumentaram 22%, e nos mercados emergentes, excluindo a China, 31%. Nos EUA, a receita aumentou 23%, destacando a importância estratégica do mercado norte-americano para a AstraZeneca.
Apesar dos desafios na China, a AstraZeneca continua a avançar em outras áreas, incluindo o desenvolvimento de novos medicamentos para a obesidade. A empresa revelou que três novos medicamentos potenciais contra a obesidade se mostraram seguros e estão avançando para testes em estágio intermediário. Esses medicamentos incluem uma pílula experimental que promete ser uma solução inovadora no combate à obesidade.
A AstraZeneca também está focada em quase dobrar suas vendas para US$ 80 bilhões e lançar 20 novos medicamentos até o final da década. Os medicamentos contra o câncer serão fundamentais para alcançar essa meta ambiciosa de receita. Contudo, a retirada e a reapresentação do pedido do medicamento Dato-DXd à FDA, para uma população de pacientes mais específica, gerou preocupações entre analistas sobre o impacto nas estimativas de vendas de longo prazo desse medicamento com potencial de grande sucesso.
Enquanto isso, as revelações sobre a investigação na China ofuscaram os resultados positivos da AstraZeneca nos EUA. As ações da empresa subiram até 3% no início das negociações em Londres, mas recuaram parte desses ganhos após as notícias sobre a investigação. O CEO Pascal Soriot reafirmou o compromisso da AstraZeneca com a transparência e a cooperação total com as autoridades chinesas para resolver a situação o mais rápido possível.
Com um olhar no futuro, a AstraZeneca continua a expandir suas operações e a investir fortemente em inovação para manter sua posição de liderança no mercado farmacêutico global. O crescimento robusto nos EUA, aliado ao desenvolvimento de novas terapias e à adaptação às mudanças regulatórias e de mercado, serão cruciais para o sucesso contínuo da empresa.
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